Dezenove jogos, cinco vitórias (por Paulo Rocha)

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Gostaria de poder utilizar este espaço hoje para exaltar a postura do Fluminense em relação à Primeira Liga: encarando interesses nefastos (leia-se Federação de Futebol do Rio de Janeiro), o clube bancou a sua posição e iniciou a disputa da competição sem medo – embora ciente – das retaliações que certamente estão por vir. Também gostaria de parabenizar nossa torcida, que comprou a ideia e fez a sua parte, comparecendo em bom número ao Raulino de Oliveira. Sim, gostaria; mas não consigo. A péssima atuação da equipe contra o Atlético-PR apagou tudo de bom que estava na minha cabeça. E a pior constatação é a de que Cristóvão, logo ele, mais uma vez deu um banho tático em Eduardo Baptista.

O primeiro banho tático a que me refiro foi no returno do Campeonato Brasileiro do ano passado, em pleno Maracanã. A diferença é que naquele jogo (o qual também perdemos por 1 a 0), o time tricolor pressionou muito o adversário na primeira etapa e só foi parado pelo ótimo goleiro Weverton. No intervalo, Cristóvão promoveu uma mudança e matou o jogo, não fizemos mais nada. Mas saímos com aquele gostinho de que fomos injustamente derrotados.

Em Volta Redonda, porém, ocorreu algo bem diferente. O Atlético foi melhor desde a metade do primeiro tempo. Bem organizado, o Furacão fez o que bem entendeu, envolveu o Fluminense com toque de bola e rápidas triangulações de seu meio-campo. Comandado por ninguém menos que o ex-tricolor Vinícius, que pode até ter caráter duvidoso, mas joga bola. Foi dele, a exemplo do que acontecera ano passado no Maraca (daquela fez foi Walter), o gol da derrota do Flu. Aliás, se Cícero tivesse convertido o pênalti defendido por Weverton, o placar registraria um injustiça. Não que o time paranaense tivesse merecido ganhar tanto assim; foi o Fluminense que mereceu – e como – perder.

Quanto à expulsão do Fred, não entro na onda do locutor do canal que transmitiu a partida e tentou transformá-lo num criminoso. Se ele deu um soco, algo foi feito pelo lateral Léo (que ano passado jogou no Flamengo). Não foi à toa, mas não se justifica. Contudo, o que não se entende é que nosso camisa 9, com toda a sua experiência, ainda caia em armadilhas deste tipo. Escutei durante a própria transmissão da partida que desde que chegou ao Fluminense, em 2009, Fred foi expulso oito ou nove vezes – já Gum, que está no clube desde o mesmo ano, e é zagueiro, recebeu cartão vermelho em apenas cinco ocasiões.

Minha irritação com a forma com que aconteceu a derrota me impede de analisar o desempenho dos jogadores (o que mais me agradou, ou melhor, o que menos me desagradou foi Nogueira). Mas não tenho como deixar de dizer: Eduardo Baptista não conseguiu, até agora, implantar uma filosofia de jogo. Padrão tático (exceto pela melhora na saída de bola da defesa) não existe. Com todo o respeito, o Fluminense não é o Sport, não temos tanto tempo assim para esperar. Começo a duvidar da competência do treinador. Em 19 partidas no comando do time, ele perdeu dez, empatou quatro e venceu apenas cinco. Em minha opinião, Eduardo é inferior não somente a Cristóvão como também a Enderson Moreira.

Torçamos para que neste domingo, com possivelmente alguns reforços regularizados e algumas mudanças no time, o Fluminense não pague mico outra vez. O Voltaço jogará em casa e provavelmente terá o “apito amigo” a seu lado. Estrear no Campeonato Carioca com outro resultado que não seja uma vitória convincente não vai descer pela goela da torcida tricolor. Eduardo Baptista, a sua batata está assando.

Panorama Tricolor

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Imagem: pro/rap