Há exatos 50 anos, completados nesta terça, a Seleção Brasileira estreava na Copa do Mundo da Inglaterra. Não essa seleçãozinha de Dungas e companhia, que agora esperamos ver consertada por Tite, mas a poderosa bicampeã do mundo que, em terra britânica, defendia o título.
Em campo, dois dos jogadores mais briosos que já vestiram a camisa do Fluminense, Altair e Denílson. O primeiro, já campeão mundial em 1962, desta vez jogando como quarto-zagueiro, enquanto o segundo, jovem, tinha sua primeira chance na maior das competições. Com gols de Pelé e Garrincha (que, juntos, atuaram 50 vezes pelo selecionado nacional e jamais perderam uma partida), o Brasil derrotou a Bulgária por 3 a 1.
Infelizmente o ambiente de 1966 era extremamente confuso, tendo em vista a situação política do país que acabou repercutindo na seleção – basta dizer que, na fase inicial de treinamentos, foram convocados 44 jogadores. E na Inglaterra, o Brasil sofreria duas derrotas por 3 a 1 para Hungria e Portugal, adiando o sonho do tri.
Denílson não se fez de rogado: prosseguiu sua carreira, defendeu o Fluminense como nunca e conquistou títulos fantásticos: já campeão carioca em 1964 pelo Flu, venceria ainda em 1969, 1971 e 1973, além do ser campeão brasileiro em 1970.
Com o apelido de Rei Zulu (criado por ninguém menos do que Nelson Rodrigues, um de seus grandes admiradores) e um metro e noventa de altura, Denilson é considerado o primeiro volante do futebol brasileiro da maneira como conhecemos hoje. Inicialmente com mais força do que técnica, foi lapidado por homens como Tim e Telê até se tornar um grande jogador. Defendeu o Fluminense em 433 jogos, sendo o sétimo jogador que mais vezes vestiu a camisa do clube.
Neste momento, economizo minhas palavras e passo a bola para um dos maiores craques da história do jornalismo brasileiro, o tricolor Teixeira Heizer, em matéria para a revista Placar em outubro de 1970. Ninguém melhor do que ele para contar a respeito de Denilson, um atleta exemplar.
Para finalizar, outro craque das histórias tricolores: o escritor Valterson Botelho entrevistando Denilson para o site Ídolos Tricolores em 2011.
Em tempos onde o Fluminense passa por várias situações confusas dentro e fora das quatro linhas, me parece fundamental neste dias recordar de um passado onde fomos grandiosos, unidos e campeões.
Recordar que uma história secular como a do nosso Flu permite muitos e muitos mergulhos de vital importância na trajetória do futebol brasileiro, sem edições.
Num momento delicado como o atual, resgatar e celebrar nomes como o de Denílson é viver o Fluminense e impulsioná-lo a novos rumos, conquistas, derrubadas de velhos paradigmas. Faltou falar de Altair, mas esse merece uma coluna só para si. É outro dos nossos infindáveis escudos de carne, osso e dedicação. O Flu precisa valorizá-lo.
Que os bons ventos destas duas feras tricolores nos ajudem de alguma forma a vencer no próximo domingo em Edson Passos.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Colaboraram Fabiano Artiles e Valterson Botelho