Crônica do desastre anunciado (por Raul Sussekind)

NUNCA FOMOS TÃO TRICOLORES

1. Returno do Brasileiro: sofremos no Rio 04 gols do Vasco, 03 de Goiás, Corinthians e Grêmio, além de mais 03 do Cuiabá fora de casa. Foram 47 gols no campeonato inteiro, 28 no returno. Uma das defesas mais vazadas. Arrogância do Diniz nos impediu de tirar lições importantes dali. E ainda tínhamos Nino.

2. Libertadores: a soberba foi potencializada ao infinito. A gente se classificou pra final em 04/10. Ganhamos em 04/11. Só fomos disputar o Mundial no final do ano. Tivemos jogos muito ruins neste intervalo e nenhuma lição foi tirada.

3. Mundial: sofremos 04 gols do City e batemos no peito pra dizer que não abrimos mão do nosso “estilo”. Até hoje alguns canais do clube reproduzem uma saída de bola que termina em impedimento do Arias como se tivéssemos colocado os caras na roda.

4. Montagem de elenco catastrófica e ninguém abriu a boca. Pelo contrário: Renato Augusto estava vindo pra “revezar” com Ganso. Douglas Costa era isso e aquilo. Ninguém abriu a boca pra lembrar que Antônio Carlos era mais velho do que o Nino e não jogava num mercado competitivo. Lento e pesado como Gabriel Pires, outra contratação desastrosa. Investimos 14 milhões no Terans. Ninguém criticou, a despeito da péssima temporada do cara em 2023. Aliás, todos esses jogadores vinham em processo de declínio físico ou técnico.

5. Iniciamos o Carioca com Alexandre Jesus na lateral direita. É grave porque se trata de um símbolo da ação entre amigos. Todo mundo sabe. Perdemos a oportunidade de usar os jogos iniciais do Carioca pra recrutar jogadores pro time principal. Houve outras escalações bizarras, e Marcão não o faria sem aval do Diniz. Ou mediante orientação dele. O mau aproveitamento daqueles jogos nos impediu de reter jogadores da base como Luan Freitas e João Neto, que talvez pudessem ser úteis.

6. A escalação do primeiro Fla-Flu da semifinal do Carioca. Aquela semifinal valia um tricampeonato estadual que não conquistamos há 40 anos. Diniz mandou a campo um meio de campo formado por Martinelli, Renato Augusto e Ganso. Ninguém o cobrou por isso. O que espera um treinador de futebol profissional que escala um meio de campo como aquele contra uma das melhores equipes da América do Sul? E este adversário é um rival histórico, que vinha em melhor momento, com um time renovado pela presença de um ótimo jogador como De La Cruz, que marca e apoia com vigor máximo os 90 minutos. Nossa resposta foi um 4-3-3 com Renato Augusto e Ganso. Nenhuma cobrança.

7. Antecipação da renovação de contrato do Diniz. O rendimento físico e técnico da equipe despenca. Nada de diferente é testado. Somos amplamente dominados em diversos jogos: LDU no Equador, Cerro e Colo Colo no Paraguai e no Chile, Flamengo na semifinal citada, Vasco no Carioca (tiveram 2 gols mal anulados), Corinthians em São Paulo. Diniz ganha uma renovação antecipada a despeito de todos os erros e da flagrante queda.