Por um Flu mais criativo (por Paulo Rocha)

O resultado foi importantíssimo, não há como contestar. Serviu para aumentar a vantagem na semifinal do Campeonato Carioca, bater um histórico recorde de vitórias consecutivas em clássicos e, principalmente, recuperar a autoestima após a traumática eliminação da Libertadores. Porém o 1 a 0 sobre o Botafogo, na noite de segunda-feira, no Engenhão, não mascarara os defeitos que o Fluminense de Abel Braga ainda insiste em demonstrar.

O time considerado titular, com três zagueiros e três volantes, inicia os jogos com uma postura reativa em excesso. Recuado, cauteloso, dá campo demais aos adversários e isso é algo altamente temerário. Flerta com o perigo. Parece querer matar a torcida do coração – e o Tricolor das Laranjeiras, historicamente, é mestre nisso.

Aí Abel, de quem gosto muito por sua identificação com nosso clube, vem dizer que ninguém fala sobre o fato dele também escalar três atacantes. Poxa, mas sem armadores capazes de organizar o jogo com criatividade e laterais limitados, como fazer a bola chegar lá na frente, onde estão os benditos três atacantes?

É notório que quando o técnico tricolor efetua mudanças durante os jogos, tirando um dos zagueiros e promovendo a entrada de jogadores criativos, o time melhora da água para o vinho. Nonato, Ganso (de quem sempre fui um crítico feroz), esses caras fazem o meio de campo respirar, a equipe flui com naturalidade, desenvoltura. E consegue matar o jogo. Foi o que aconteceu contra o Botafogo e em diversas outras ocasiões.

Não sei se a postura reativa que Abel mostra gostar tanto, o seu 3-4-3, poderá conter adversários mais qualificados, de maior poderio ofensivo, como o que nos aguarda se confirmarmos nossa chegada à decisão do Carioca. Tomara que sim. Já o derrotamos neste campeonato jogando desta maneira, enfim. O Fluminense que escolhemos amar é esse que nos faz sofrer até o apito final. E, quem sabe, talvez seja por isso que o amemos cada vez mais.