Amigos, amigas, o jogo de hoje só pode ser analisado tomando como base a trajetória do Corinthians na temporada. Uma vitória maiúscula tricolor, que nos aproximou da fase de grupos da Libertadores de modo praticamente irreversível. Como se nossa trajetória na temporada não sugerisse tal condição, mas algumas circunstâncias nos levaram a pôr em dúvida essa evidente realidade.
Olhando os confrontos contra o grande rival, talvez a maior rivalidade entre clubes no âmbito nacional, que remonta à memorável conquista do Mundial de 1952, há uma história claramente escrita, que não é nossa, mas deles. O primeiro duelo de 2022 foi marcado por um massacre tricolor no Maracanã. É bem verdade que o Corinthians, até então, nada mais sugerisse do que um time que sabia se defender como poucos.
A primeira partida das semifinais da Copa do Brasil não trouxe um cenário tão diferente, mas nossos erros nos levaram a um empate praticamente impensável no Maracanã. Um mês depois, enfrentamos um adversário transformado, que marcava por pressão e disputava o controle do jogo, algo antes improvável. Perdemos, muito por nossos erros, porém, também, muito por méritos deles.
Tanto é assim, que o Corinthians, facilmente eliminado pela Dissidência nas semifinais da Libertadores, vendeu muito caro o título da Copa do Brasil para o mesmo adversário, competição que terminou decidida nos pênaltis.
O Corinthians que enfrentamos na noite de ontem foi esse último, é bem verdade que com desfalques sensíveis no terreno ofensivo, particularmente o de Yuri Alberto, que é um atacante temível. Que tentou fazer o mesmo jogo daquela semifinal, mas acabou quase completamente neutralizado. Dizia Diniz, na ocasião, que o Fluminense abrira mão do seu jogo, algo que não aconteceu na noite de ontem. O Fluminense foi coeso e coerente com sua proposta durante os 90 minutos. Mesmo sofrendo, nos primeiros 20 minutos, com bolas perdidas, Fábio pouco teve trabalho, e o gol logo no início facilitou nosso caminho, porque evidenciou nossa capacidade de controlar o jogo, que foi a característica mais proeminente durante todo o duelo.
Foi uma vitória com a assinatura do modelo de jogo de Diniz, porém, mais do que isso, com a assinatura de Germán Cano, o artilheiro do Fluminense e do Brasil na temporada, com seu oportunismo desconcertante. Dois gols de Cano, 2 a 0 Fluminense, até poderia ter sido de mais caso houvéssemos mostrado um pouco mais de apetite por gols.
Destaque para a atuação de Calegari. Mostrou-se, nas últimas partidas, a melhor alternativa do ano para a lateral esquerda, o que, por si só, já é algo preocupante, mas nada que lhe suprima o mérito pela grande atuação de hoje, cheia de personalidade e qualidade, como a de todo o time.
Carregamos as últimas rodadas do Campeonato Brasileiro como quem carrega um caixão em procissão fúnebre, celebrando uma vida útil, mas que deixou de cumprir sua missão. Tudo andará bem se enterrarmos o valente cadáver, com honras, sem que ninguém nos roube o corpo. Pode parecer mórbido, mas é essa a visão de quem aspirou a algo maior do que terminarmos a temporada disputando uma mísera vaga na fase de grupos da Libertadores de 2023. Poderíamos ter terminado a temporada com mais que isso, mas o jogo de hoje nos fez sentir o sabor do Fluminense na mais alta prateleira do futebol brasileiro.
Acredito que não haja mais dúvidas de que o Fluminense conquistará seu prêmio de consolação com méritos, mas mesmo o jogo de hoje é capaz de cutucar feridas, que se renovam a cada ano, que estão intimamente ligadas à política do clube para o futebol, que é intimamente ligada ao nosso modelo ultrapassado e ao nosso atraso em reagir ao que o mundo está esfregando na nossa cara.
De onde virá? Não sei, mas é inadiável que venha, sob pena de perdermos a condição que conquistamos nos últimos anos. O outro cenário, que é bom que a gente diga, é corrigirmos os erros e, a partir de onde estamos, alçarmos voos mais altos, que sejam de águia e não de galinha.
Teremos mais oportunidades de falar sobre isso. Por hoje eu fico feliz com a ótima exibição de um Fluminense que mostrou por quais razões está onde está, mas que ocultou as razões de não estar onde poderia.
Uma contradição que estará em jogo no próximo domingo, quando decidiremos se queremos ter um futuro para o Brasil ou se vamos nos render de vez ao obscurantismo e à pilhagem. Qualquer semelhança, como dizia um professor meu, é mera mera.
Saudações Tricolores!
Gostei da mensagem final, mesmo que apropriadamente, não revele em quem vai votar, já que aqui não é o fórum para isso.
Espero que o Diniz renove, bem como fiquem jogadores como Cano, Ária, Ganso, Manoel, Nino, Samuel e Matheus Martins. Todavia, espero que um presidente menos vaidoso e mais pragmático venha para substituir o Mário.
Precisamos que Laranjeiras seja restaurada e usada em jogos de menos apelo e até como arena para shows, onde o clube vai poder ter lucro e minimizar prejuízos.
Que a barca leve Pineida(que até achei promissor no início), Cristiano, David Duarte, Fábio(é bom, mas tá na hora de aposentar e abrir espaço para o titular), …
ST. Fernando – Rio de Janeiro
Savioli, finalizou muito bem o texto. Serão 2 eleições, a nacional e a do Flu, onde precisamos destronar os “mitos” que tem o poder de ILUDIR as massas, para recomeçar a caminhada num caminho de mais esperanças para todos nós. ST’s