Atlético-GO 1 x 0 Fluminense – A conta chegou (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, uma hora a conta sempre chega. Há um preço a pagar por escolhas erradas e más atuações. O Fluminense foi derrotado pelo Atlético-GO em um jogo em que até foi superior ao adversário durante cerca de 60 ou 65 minutos, não que isso se tenha traduzido numa tempestade de oportunidades, muito pelo contrário, até porque o Fluminense, quando chega ao ataque, tem dificuldades de criar jogadas.

O Atlético, por sua vez, quando percebeu que já tinha enorme superioridade física, acelerou o jogo e criou oportunidades em profusão. Foram tantas, a partir dos 20 minutos do segundo tempo, que o gol era questão de tempo. Ao primeiro sinal de perigo, o Fluminense recuou, abandonou o ataque e entregou o meio de campo ao adversário, sem, contudo, conseguir bloquear as rápidas, objetivas e verticais trocas de passes do adversário.

E eu imagino que os amigos tenham pensado o mesmo que eu: hora de trocar Roger. Hora de colocar pulmão em campo, mas Roger mantém Fred e Nenê, tirando Kayky, porque o atacante fizera uma jogada individual, quando era tudo que precisávamos para tentar mudar a precariedade das nossas ações ofensivas.

Nem vou falar da troca de Calegari por Samuel Xavier no intervalo, porque não era possível prever que Samuel se machucaria e teria que ser substituído, deixando o Fluminense sem lateral.

Foram 15 minutos de passeio do Atlético até que Roger finalmente trocasse Fred e Nenê por Abel e Ganso, que mal tiveram tempo de entrar no ritmo do jogo. O Fluminense continuou estéril no meio e no ataque, sem assustar o goleiro atleticano.

A má atuação que traz como consequência bons resultados, como foi nos últimos dois jogos anteriores, é uma faca de dois gumes. Você pode perceber os erros e consertar para que as vitórias seguintes venham com boas atuações. Ou pode não fazer nada, que é o que Roger tem feito. Apenas substituições repetitivas e fora de hora, sem nunca mudar a forma do time jogar, o que até seria aceitável se o time estivesse jogando bem, o que não é o caso.

Desde a partida contra o Cuiabá, o Fluminense vem jogando mal. A exceção foi o empate com o Bragantino, obtido heroicamente em uma partida em que o Fluminense foi superior durante quase a totalidade dos 90 minutos. Nela não estavam escalados Nenê e Fred. Nenê acabou entrando no final e provocando o pênalti que nos deu o empate em 2 a 2, após termos estado perdendo de 2 a 0.

O que nos resta é ficar batendo na mesma tecla. Dois jogadores com quase 40 anos no time, ambos sem traquejo para a marcação e sem intensidade física, é um suicídio em um esporte que é disputado com alta intensidade o tempo todo. Mas aí o Nenê faz um gol de falta e “o vovô tá on”. O Fred faz um gol e “lá vai Dom Fredom bater mais um recorde”. E o Fluminense fica aquilo que nós vimos ontem. Um time se desdobrando para dar alguma consistência a uma ideia ruim.

Sim, o Fluminense tem recursos. Tem uma bela dupla de zagueiros, um belo goleiro e uma excelente dupla de volantes, mas a verdade é que se não cansa o corpo, cansa-se a imaginação. E aí ficamos um time burocrático, dependente de bolas paradas ou de uma bola roubada em erro do adversário na saída de bola, o que é muito pouco para quem pretende ser mais do que um coadjuvante na temporada.

Ah, mas qual é a solução? O Roger é pago para isso, não nós. Até porque falar em soluções, seja para o que for, no Fluminense é o mesmo que discursar no deserto. Ninguém te escuta, não por problema de surdez, mas por opção. Ou será que existe alguma outra explicação para a presença de Danilo Barcelos no time?

Ah, mas nós estamos nas oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil. Sim, porque temos recursos para ganhar partidas em que somos dominados, não temos posse de bola e o goleiro é sempre o melhor em campo. Alguém acha, no entanto, que isso é suficiente? Vamos ficar eternamente sacrificando um time inteiro para dar suporte a dois quarentões, que sequer causam desequilíbrio técnico no jogo? Eu acho que não.

Ah, mas não tem substituto melhor que eles. Muda o esquema, acha uma solução, tira um e deixa o outro. E treina o time, porque os erros técnicos estão alarmantes. A quantidade de decisões erradas, retardo das jogadas de contra-ataque, e chances desperdiçadas na origem dos lances assustam. O Fluminense está parecendo um time de pelada. E agora nem as substituições que endireitavam o time estão funcionando.

O rei está nu. Quem quiser continuar fingindo que não está vendo, que continue, mas nós vamos pagar o preço por isso.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Analise perfeita em todos os sentidos. Nao e’ possivel continuarmos jogando dessa forma. O pior e’ que o Roger sempre acha uma desculpa. E’ muito facil colocar a culpa em outros fatores, sem enxergar que os problemas sao a escalacao (Danilo Barcellos, Fred, e Nene), a demora nas substituicoes que algumas vezes sao tipo 6 por meia duzia, e esse esquema tatico que nossos adversarios ja’ entenderam e que nao funciona.

    Essa derrota ja’ era prevista. O problema e’ aprender com ela, e aceitar que as coisas tem que mudar. Se continuarmos jogando da mesma formavai ser muito dificil…

Comments are closed.