Uma questão que me incomoda e, que tenho certeza, traz desconforto para uma grande parte da torcida tricolor, pelo menos para a parcela pensante, é a inconstância da estratégia de montagem do elenco profissional do Fluminense.
Durante o tempo em que Fernando Diniz foi nosso treinador, foi clara a estratégia de montagem do elenco com a contratação de jogadores mais velhos, que funcionou em 2023 com a conquista da Libertadores, mas que em 2024 nos enfiou em um buraco no Campeonato Brasileiro que demoramos até a última rodada para nos livrar.
Depois da tardia queda de Diniz e das duas rodadas com o Marcão, tivemos a chegada do Mano Menezes e vimos uma clara reorientação do elenco, com a perda de espaço de alguns dos jogadores veteranos e a contratação exclusivamente de jogadores jovens. Claramente o novo fôlego ganho com esta mudança de estratégia foi decisivo para nos salvarmos de um vexaminoso rebaixamento.
Começa a temporada 2025 e as primeiras contratações trouxeram esperança de que se manteria o rejuvenescimento do elenco com as contratações de Hércules, Freytes, Paulo Baya, Cannobio e Joaquim Lavega. A surpresa começa com a contratação do veterano e mediano lateral Renê e evolui algumas semanas depois com as incompreensíveis contratações dos também veteranos e medianos Otávio e Everaldo.
As instituições esportivas de maior sucesso esportivo e financeiro no âmbito mundial têm um modo de pensar o futebol muito particular e procuram tanto treinadores como jogadores que se adaptam a sua forma de pensamento. Mas isso exige que o futebol seja comandado por pessoas competentes e com larga experiência atuando em clubes. Não é o caso do Fluminense, que vemos sendo jogado de um lado para outro dependendo do técnico da vez, ou de conveniências difíceis de aceitar.
As pessoas em média não fazem a menor ideia do problema que o Fluminense tem de não termos um diretor de futebol no clube. Alguém que pudesse pensar no nosso elenco a longo prazo, que proponha uma ideia de jogo que possa influenciar desde a contratação de comissão técnica até orientar a formação dos nossos jogadores na nossa base em Xerém.
O que observamos é que, infelizmente, tudo no futebol do Fluminense é decidido pelo técnico da vez, o presidente e seu sogro. O resultado é o que temos observado nos últimos anos, chegadas e saídas de jogadores sem nenhuma estratégia inteligível, tudo de acordo com conveniências muitas vezes passageiras e que no longo prazo se mostram prejudiciais ao clube.
Um exemplo disso é a informação de que o Fluminense teria cerca de 100 jogadores sob contrato no seu futebol profissional, enquanto que a média nacional giraria em torno de 60 jogadores. Isso sangra os escassos cofres do clube e certamente nos expõe as já muito conhecidas ações trabalhistas, que enriquecem escritórios de advocacia.
A esperança é de que uma próxima gestão do clube, ou uma SAF sem safadeza, estruture imediatamente a profissionalização do nosso futebol.
Chega de amadorismo e incompetência.