Nós torcedores estamos perdidos. Mais perdidos que cego em tiroteio, mais perdidos que bala em boca de banguela, mais perdidos que… Enfim, complete como quiser, mas a síntese é bem por aí. Não sabemos mais pra onde olhar, o que defender, a quem escutar, no que acreditar. São informações e declarações jogadas por seus interlocutores, de acordo com os seus interesses. Aí ficamos juntando os retalhos, tentando costurar uma opinião própria.
O bom tricolor afirmará com certeza “em primeiro lugar o Fluminense”. Mas o que é o Fluminense hoje? Você consegue dizer com segurança? É o Fred? É a torcida organizada? É o Celso Barros? É o Peter? Eu tenho as minhas convicções acerca de todas as confusões envolvendo o Clube, jogadores, patrocinadora e torcida. Mas não posso garantir que o amanhã não venha me desmentir.
Talvez no futebol a ignorância seja mesmo uma benção.
O futebol de hoje reúne, entre outras tantas coisas, o que há de pior na política e no mundo dos negócios. O jogo de empurra, a manipulação e a defesa mesquinha de interesses ficam cada vez mais tão evidentes que a torcida dos descrentes é a que mais cresce no país. Me entristece testemunhar a transformação de torcedores outrora fervorosos em pessoas alheias ao futebol. Cansados de investir seu tempo, dinheiro e paciência, passam a utilizar a frase “Quando eu gostava de futebol, torcia pelo…”.
Ok, mas porque esse discurso pessimista? Não, não desisti – ainda – do futebol e muito menos do Fluminense. E, como está aqui lendo este texto, você provavelmente também não. A verdade é que cada vez entendo mais e julgo menos quem deixou de gostar de futebol. Sabe, sem gaguejar, a escalação da Máquina, mas hoje sabe apenas que tem Fred, Conca e que o Renato caiu. Como culpá-los quando a verdade é que foi o futebol que deixou de gostar dele primeiro?
Vejam bem, não quero deprimir ninguém! Nem a mim mesmo. É apenas uma reflexão.
Minha primeira ideia para a coluna de hoje foi uma conclusão pessoal sobre o embate entre torcida contra, torcida a favor, Fred e Fluminense. Também queria falar das gigantescas dificuldades que nos aguardam a partir de sábado, quando começa o Brasileirão 2014, além de dar uma cutucada nos envolvidos no Gaveanindé ou Lusagate (como preferirem). Mas pensar nisso tudo acabou me levando a ao tema abordado, a pensar no como ficamos perdidos, sem saber o que se passa ou se passou na verdade.
Acho que fiquei tão perdido, que perdi até minha conclusão. Melhor me segurar no verde da esperança.
Amigos Paulo e Marcelo, lembrei de vocês.
ST!
Panorama Tricolor
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Imagem: reprodução (editada)