Alto lá! Antes que você discorde dessa tese e possa partir agressivamente contra mim, achando que lhe chamei de imbecil, sugiro fazer algumas reflexões, até porque o objetivo não foi esse.
Acabar com o Campeonato Carioca não é um ato para se jactar em enfrentar a Federação FERJ ou ideologicamente querer trabalhar contra o grupo Globo, mas sim algo que levará em curto/médio prazo efetivamente ao fim de Fluminense, Botafogo e Vasco e o fortalecimento do Flamengo, não como time, mas como O time do Estado do Rio de Janeiro.
A chamada “espanholização” do futebol brasileiro, onde poucos clubes sobrariam, numa mera representação regional é um processo em que, se os devidos cuidados não forem tomados, nem os princípios de inteligência competitiva não forem adotados, pode caminhar a passos largos para o caos.
Não se avalia o Campeonato Carioca pelo resultado financeiro, nem das trapalhadas recentes que aconteceram no campeonato de 2021.
A solução não é acabar com o Campeonato Carioca, e sim, fazer com que ele seja rentável e resgatá-lo, até porque ele tem diversas outras externalidades muito positivas para o futebol, especialmente do Estado do Rio de Janeiro e para clubes que não estão em situação hegemônica, tais como Fluminense, Vasco e Botafogo.
A maioria de nós, que está lendo essa crônica, se consolidaram nos seus times a partir do Campeonato Carioca.
As grandes disputas no Maracanã, e grandes partidas e grandes campeonatos até a década de 1980, efetivamente o eram Campeonato Carioca. O Campeonato Brasileiro sempre foi uma atividade complementar que começou a ganhar mais força nas últimas duas décadas.
Através do Campeonato Carioca, não só os chamados quatro grandes clubes, mas dezenas de clubes pequenos, criam atividades esportivas com reflexos econômicos, especialmente esportivos na produção de jogadores e consolidação do futebol Fluminense (Carioca com o mais tradicional futebol do Brasil).
Fico pasmo que alguns torcedores do Fluminense, Vasco e Botafogo ainda defendam essa tese estapafúrdia, de autofagia, sem levar em conta que esse movimento só interessa ao Flamengo, e que efetivamente o Campeonato Carioca ainda consegue consolidar a sua torcida e suas atividades econômicas, apesar da não rentabilidade dos últimos anos, inclusive com reflexos para as chamadas categorias de base, especialmente o Fluminense tem uma importância muito grande, já que muitos jogadores da base começam a surgir e crescer tendo oportunidades exatamente na competição local.
A melhor relação desse pensamento disruptivo à intelectualidade que aqui surge é: vá falar na Bahia que vai acabar com o Campeonato Baiano, ou no Rio Grande do Sul que irá acabar o Campeonato Gaúcho, ou em São Paulo acabar com o Paulistão ou até em Minas Gerais acabar o Campeonato Mineiro.
Essas loucuras só surgem nas cabeças dos “imbecis” que não conseguem raciocinar o futebol, com uma atividade que não é uma mera coleta de recursos, é uma prostituição temporária que vai acabar com clubes tradicionais, como aliás está acontecendo. Por essa razão e muitas outras, especialmente as péssimas gestões improvisadas por pessoas com interesses escusos e incompetentes, porque passa o futebol, especialmente o do Rio de Janeiro.
Portanto, a solução não é acabar com o Campeonato Carioca, mas sim fortalecê-lo e buscar viabilizá-lo financeiramente, fazendo com que volte à rotina clara e todos os clubes joguem, demonstrem interesse e que inclusive seus jogos possam ser passados, para que clubes, torcedores e adversários possam assistir dia a dia, suas partidas, não só na TV paga ou na aberta, dando visibilidade necessária a continuidade dessa paixão que é o Futebol.
*Wagner Victer é Engenheiro, Administrador, Jornalista e Tricolor*.