Breve história do tempo tricolor (por Paulo-Roberto Andel)

Outro dia escrevi aqui sobre o simbolismo do 5 em temporadas do Fluminense. Volto ao tema.

Há exatos 50 anos, em 1975, o Fluminense começava a montar o time mais emblemático de sua história, a Máquina Tricolor que encantou toda uma geração.

Há 40 anos, 1985, o Fluminense sonhava em conquistar o bicampeonato brasileiro e o tricampeonato carioca.

Em 1995, há 30 anos, era a vez de montar um time operário runo a uma de nossas maiores e mais difíceis conquistas. Time de operários mas com jogadores como Lira, Djair, Aílton, Ézio e Renato Gaúcho, este em seu último ciclo atlético gigantesco.

Há 20 anos, em 2005, o Fluminense não ia bem na Taça Guanabara, mas a arrancada do segundo turno nos levou a mais um grande título estadual.

Deixemos 2015 de lado. O time não foi bem. Mas e agora?

Com exceção da vitória sobre a LDU na Recopa, o Fluminense parou em 04 de novembro de 2023. Infelizmente, a maravilhosa conquista da Libertadores (onde vencemos, mas não brilhamos) acabou servindo de desculpa e muleta para todas as barbaridades a seguir.

Depois de insistir com jogadores sub 50, o Fluminense descobriu um novo eldorado no suculento futebol peruano.

Depois do maior aporte de dinheiro da história do clube, nossa dívida não foi sequer aplainada. Aumentou. Os demonstrativos contábeis do clube não passam de farsa rasteira.

Não caímos para a série B em 2024 por um triz.

Mostrando que nenhuma lição comoverá a atual gestão tricolor, marcada por um remix de incompetência, arrogância prolixa e uma burrice quase proposital, o Fluminense já está fora da disputa pelo título, praticamente fora da Copa do Brasil e pode ficar também ausente da repescagem na Copa Rio. Uma campanha bizarra que não se repetia desde 1981, ano de crise da gestão Sylvio Kelly.

Tem dois clássicos pela frente e deixa seus torcedores à flor da pele com o risco de duas derrotas acachapantes.

A farra das dispensas de jovens jogadores continua com tudo. Há quem utilize o argumento boçal de que é bom negociar logo o jovem A, B ou C por “jogar pouco ou nada”. Especificamente no caso de Kauã Elias (fundamental na salvação contra o rebaixamento), rifado ontem, a solução se chama Paulo Baya… E aí vivemos a Praça da Apoteose da boçalidade: chutamos um jovem da base para trazer de fora um jovem que mal consegue ficar em pé…

Quem pode ser tão trouxa de achar que vivemos a normalidade no Fluminense?

É uma situação que já desafiou todas as classificações possíveis, mas que deixa uma certeza: quem defende a atual gestão do Fluminense hoje ou é completamente ignorante sobre a situação do clube, ou é completamente idiota, ou aluga suas opiniões. Ou ainda age por paixonite pelo presidente atual, numa estranha mistura de sugerido homoerotismo com autoflagelação…

O Fluminense não pode ser refém da conquista da Libertadores para favorecer uma verdadeira agência de aluguel de camisas, servindo de vitrine vulgar para negócios dos mais variados teores.

É compreensível que muitos tricolores estejam revoltados com o trabalho de Mano Menezes, mas a crise do Fluminense vai muito além da beira do campo.

Ela começa na sala da presidência.

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