Amigos, amigas, só nos restou o Campeonato Brasileiro. Então, é hora de pensarmos de forma ambiciosa nessa competição. Nosso propósito mais modesto tem que ser G-6 e fase de grupos na Libertadores de 2021.
É possível?
Bom, é isso que eu vou tentar analisar aqui.
O que é um problemão, porque o Fluminense não é fácil de analisar.
Tanto é assim, que até mesmo as minhas expectativas oscilaram, desde o princípio da competição, de uma consolidação no G-6 ao risco de rebaixamento. Fruto da trajetória errática do nosso treinador.
Lá pela quarta ou quinta rodada, vendo o que o Fluminense estava jogando, eu cravava um G-6, junto com Atlético MG, Flamengo, São Paulo, Internacional e Grêmio.
Não tem muito tempo, minha opinião já tinha mudado. A saída e Evanilson e a iminência da saída de Marcos Paulo do elenco, aliados às escolhas de Odair, fosse na escalação inicial, fosse nas substituições, me fez acender o sinal vermelho contra o rebaixamento.
A eliminação na Copa do Brasil, com o time não jogando nada e Odair substituindo muito mal, diante do Atlético-GO, foi o indicador mais grave do que de ruim poderia estar por vir.
A verdade, no entanto, é que tivemos uma agenda das mais favoráveis desde então no Brasileiro, pegando Corinthians, Sport, Coritiba, Botafogo, Goiás e agora o Bahia.
Mesmo não apresentando em momento algum o futebol que me fez acreditar em G-6, chegamos até aqui, numa posição enganadora, produto de uma sequência de confrontos contra os piores times do campeonato.
Só que o Bahia, que antes fazia parte dessa sequência, já não é mais aquela baba do quiabo que parecia. Com Mano, mesmo sem os resultados, o bom time vai se organizando e o passeio que deram no Vasco não foi, para mim, nenhuma surpresa, assim como não será surpresa se nos derem um passeio no domingo.
Então, entramos numa agenda bem incômoda, tendo pela frente: Bahia, Atlético-MG, Ceará, Santos, Fortaleza, Grêmio, Palmeiras e Internacional.
Podemos iniciar uma trajetória de queda a partir do jogo de amanhã? Sim, podemos. Não será nenhuma surpresa se isso acontecer, caso Odair insista nos erros.
Isso vai acontecer inevitavelmente? Não. Pode, muito pelo contrário, essa agenda representar uma arrancada para um projeto ambicioso dentro do campeonato.
Eu imagino que Odair leve a campo amanhã: Muriel, Julião, Nino, Digão (Lucas Claro) e Danilo Barcelos. Hudson, Dodi, Yago, Michel Araújo e Nenê; Fred.
Podemos chamar isso de 4-5-1 ou de 4-3-2-1. Fica ao gosto do cliente. Pelos sinais que observei, Odair cogita manter Fred no pivô, com Michel e Nenê atuando por trás do atacante, oferecendo aproximação, com Nenê atuando mais pelo lado esquerdo e Michel mais pelo lado direito.
Imagino que Yago e Dodi atuarão fazendo a construção por dentro, se aproximando de Nenê e Michel para dar volume a esse trabalho de construção. Enquanto isso, Hudson deve ficar mais na proteção aos zagueiros, dando liberdade para os laterais avançarem explorando os corredores laterais.
Se for isso, é uma boa ideia de jogo e teremos boas chances de vencer o Bahia e qualquer outro adversário, mesmo atuando com três volantes, o que é o pesadelo de muitos, embora entre o dar certo ou errado esteja o propósito. Nesse caso, o propósito seria bastante positivo.
Com essa ideia de jogo, imagino o Fluminense tranquilo no campeonato, mas não sei se podemos pensar em projetos ambiciosos.
Até aqui temos o esquema tático idealizado pelo Odair, muito provavelmente, desde o início da temporada. Porém, embora haja lógica, falta visão e ambição mesmo a esse esquema. É que atuando com Fred e Nenê, nosso meio de campo fica sobrecarregado na marcação, o que acaba obrigando, mais cedo ou mais tarde, ao recuo.
Para jogar com essa formação, não podemos recuar, porque não teremos contra-ataque. É aí que está o nosso grande problema. Que poderia ser resolvido se Odair tivesse coragem para substituir Nenê e Fred no intervalo das partidas. Caso o fizesse, poderia tirar desses dois jogadores o máximo de desempenho físico durante os primeiros 45 minutos, possibilitando atuarmos com as linhas avançadas e pressionando o adversário em busca da posse de bola.
Vale lembrar que temos para o segundo tempo, do meio para a frente: Ganso, Miguel, Luis Henrique, Pacheco, Marcos Paulo e, em breve, Lucca.
Mesmo assim, eu seria mais ousado e, mesmo com essa solução de exigir fisicamente de Fred e Nenê, optaria por um esquema disruptivo.
Primeiramente, trocaria os dois laterais, que são nosso ponto fraco, por dois atacantes de lado. Um deles poderia ser o Michel, atuando pelo lado esquerdo, e o outro o Luis Henrique. Nesse caso, avançaria Yago para atuar na posição de Michel.
Então, teríamos um 4-1 ofensivo, com Luis Henrique (pela direita), Yago e Nenê (por dentro) e Michel Araújo (pela esquerda), mantendo Fred no pivô.
Eu colocaria um terceiro zagueiro, já que temos fartura de bons nomes no setor, todos com boa saída de bola. Com Digão, Claro e Nino, por exemplo, teríamos a condição para cobrir a ausência dos laterais.
E ainda nos restariam duas vagas de volante para serem disputadas, a princípio, por Yuri, Hudson, Ganso e Dodi. Seriam esse dois homens os responsáveis por dar o equilíbrio entre sistema ofensivo e defensivo, com um deles recuando para dentro da zaga na fase defensiva, e o outro sendo a base da primeira linha de marcação, com cinco homens.
Aliás, seria possível até mesmo fazer o 4-1-4-1 que o Odair tanto gosta.
Teríamos um time assim, no 3-2-4-1: Muriel; Nino, Lucas Claro e Digão; Hudson e Dodi; Luis Henrique, Yago, Nenê e Michel Araújo; Fred.
Lá na fase defensiva, poderíamos fazer o 4-1-4-1 com: Muriel; Nino, Lucas Claro, Digão e Hudson; Dodi; Luis Henrique, Yago, Nenê e Michel Araújo; Fred.
Eu acredito muito que essa ideia tática nos levaria a brigar firmemente pelo G-4. Inclusive, não ficaríamos tão dependentes de pressionar o adversário o tempo todo para termos o controle do jogo. E ainda teríamos boas peças de reposição, com Matheus Ferraz e Yuri para a zaga; o próprio Yuri, Ganso, André, Calegari e Martinelli para fazer a dupla de volantes; Miguel e Marcos Paulo para fazerem a linha de quatro por dentro; Calegari, Pacheco, Julião, Wellington Silva, Caio Paulista e Danilo Barcelos para fazer os lados da linha de quatro; Lucca e Felipe Cardozo fazendo o pivô.
Dá para a gente olhar para isso e dizer que não temos elenco para brigar por G-4? A visão de que nosso elenco é fraco só acontece se pensamos no time com laterais. É preciso criar um desenho tático que potencialize o elenco que temos. Essa é a minha ideia, mas é preciso ter coragem e ousadia, atributos indispensáveis para quem quer ter grandes ambições em qualquer coisa na vida.
Quem sabe nosso técnico não olha isso aqui e se inspira, se me perdoam a presunção!
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
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