Brasileirinho (por Walace Cestari)

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Os jornais noticiam que foi assinada a ata de fundação da Liga Sul-Minas, com a presença do Fluminense, já na expectativa de conseguir um campeonato rentável para 2016.

Claro que a participação dos cariocas na liga sugere, pelo menos para o marketing, uma mudança no nome da associação e de seu campeonato. As informações que circulam dão conta de 80 milhões de reais em premiação para o torneio da nova liga. Bem acima dos valores pagos nas competições estaduais.

Por um lado, é um importante marco político para a gestão de Peter no Fluminense: o clube é sistematicamente perseguido pela Federação do Rio de Janeiro. E também um horizonte promissor para as finanças do clube.

Por outro, uma liga significa uma briga política constante e retaliações por parte das federações. Muita gente jogará contra a ideia e contribuirá ativamente para o fracasso da empreitada. Em outras ocasiões ligas formadas por clubes deram em nada por conta de divergências menores e capitulações. O risco existe e é importante que Peter não confie cegamente nas boas intenções dos parceiros. Isso significa estar atento a possíveis recuos e tentativas de manipulação econômica ou política. Mas nada que impeça a união de todos. Afinal, o medo que nós temos é, seguramente, compartilhado por outros signatários.

Na questão técnica, há clara vantagem, pois acaba com jogos em gramados sem a menor condição da prática de futebol, além da maior qualidade dos adversários. Com a promessa de grandes jogos, patrocinadores já enxergam a oportunidade e a promessa de estádios cheios. Obviamente, um excesso de partidas entre os clubes pode criar um “desinteresse” com relação a alguns jogos, o que pode, ao longo do tempo, atrapalhar contratos negociados relativos a todos os outros campeonatos. Algo a ser resolvido com uma boa fórmula de disputa.

Economicamente, não há o que se reclamar. Um campeonato atraente e organizado traz audiência, que se converte em um gordo aporte de verbas oriundas da tevê. Bem negociada e dividida, esses recursos podem adiar um pouco o processo de espanholização do futebol.

Ainda assim, a liga não resolve velhos problemas do futebol brasileiro, como as arbitragens, por exemplo. A menos que consigam exercer alguma pressão no sentido da profissionalização da categoria ou de alguma outra solução que ainda não tenha vindo à tona. No geral, os clubes da Liga não podem gozar de privilégios de juízes caseiros ou mesmo de certas preferências tão comuns nos campeonatos realizados no país.

O comprometimento dos clubes com o projeto é o que pode realmente fazê-lo dar certo. Isso significa, forçosamente, a indisposição com suas respectivas federações, com o abandono dos falidos estaduais ou a participação neles com equipes sub-20 ou a volta dos saudosos “aspirantes”.

De qualquer forma, a criação da liga é um claro indício de insatisfação dos clubes com a gestão do futebol brasileiro. Um primeiro passo que pode significar grandes mudanças para o futuro. Uma liga regional isolada não é a solução para o futebol nacional. Porém, sua criação é um recado dos mais importantes.

A reorganização completa do futebol é ainda um sonho distante, um ideal a ser perseguido. Campeonatos estaduais apenas com os pequenos, durante boa parte do ano, com a participação dos grandes em duas ou três semanas. Regionais ágeis e preparatórios para o Brasileirão das diversas séries. Uma Copa do Brasil que tenha sua final em jogo único, marcada para uma cidade específica, fazendo valer os questionáveis investimentos em estádios construídos ou reformados para a Copa. Um campeonato nacional ajustado ao calendário internacional, minimizando perdas de jogadores e possibilitando melhor planejamento. Tudo isso ainda no campo dos sonhos.

Enquanto isso, comemoremos a Liga e esperemos os desdobramentos. As federações envolvidas já chiam e acusam os clubes de formar uma espécie de um Brasileirinho, de forma a empurrar a CBF contra o projeto, temendo a desvalorização do Campeonato Brasileiro. Pouco importa se estivermos firmes na luta. Que seja um Brasileirinho, música que já embalou muitas edições de imagens de grandes jogos. Além do mais, bom que seja um Brasileirinho. Assim, o choro é livre.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: google

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015

1 Comments

  1. Time base para o roubinho 2016, pra cima Flusão!
    Klever, Renato, Artur, Henrique, Breno Lopes, Pierre, William, Robert, R10, Lucas Gomes, Wellington Paulista

    ST

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