Segue o Fluminense com seus vinte e poucos mil sócios.

Sem dúvida, um número ainda modesto e por mais de uma razão. As diversas mexidas no programa atrapalharam um pouco, embora o atual formato se mantenha há dois anos.

Por outro lado, uma parte da torcida do Fluminense mais reclama do que efetivamente participa, o que complica a situação. A adesão é bastante simples de ser feita e o serviço funciona razoavelmente bem.

Associar o torcedor é uma prática que tem dado certo em diversos grandes centros de futebol do mundo, num processo que é irreversível, sendo a participação dos torcedores fundamental.

Um detalhe, contudo, ajudaria a intensificar a procura da associação, especialmente em determinadas faixas etárias. Ajudaria, caso acontecesse; por não ser ainda o caso, atrapalha.

Simples: a liberação do pagamento de mensalidades através de boleto bancário.

Em primeiro lugar: o Fluminense tem milhares de torcedores adolescentes, jovens que não necessariamente já estejam vinculados ao mundo do crédito, outros que tenham rendas mais modestas. Todos esses passariam a ser potenciais adquirentes do plano de associação.

Mas não são apenas os jovens: adultos e pessoas de mais idade muitas vezes não tem hábito de utilizar cartão de crédito, ou mesmo são desinteressadas em ter. Mas poderiam se associar ao clube, caso pudessem pagar por outros meios. Ou se associam e são obrigados a passar pelo constrangimento de pedir aos pais, parentes e terceiros o empréstimo do cartão para aquisição.

Dois argumentos costumam ser utilizados para combater o uso de boletos: o possível aumento proporcional da inadimplência e o desinteresse dos jovens estudantes por já terem o desconto mediante carteira.

O contraditório convence: assim como seria mais fácil para alguns novos sócios abandonarem pelo caminho o pagamento das mensalidades, também seria um facilitador para novas adesões inibidas pelo formato atual.

No caso das carteiras de estudante, o Fluminense oferece ao Sócio Futebol outros atrativos, como descontos em compras e o principal: até antes do mês que vem, a possibilidade de se escolher o próximo presidente tricolor, o que não é pouca coisa. Além do mais, espera-se que a manutenção de sócios no quadro tenha mais fundamentos do que maior dificuldade em se realizar um cancelamento com operação de cartão.

E um argumento simples no mundo comercial: o cliente deve ter todas as formas possíveis de facilitação para a aquisição de um produto, e não o contrário. Por exemplo: hoje, no Maracanã on line, a venda eletrônica é limitada no crédito e no débito a determinadas bandeiras e corporações bancárias. Para que facilitar se é possível dificultar?

Hora do Tricolor se aproximar e cativar cada vez mais seus torcedores Brasil afora, independentemente da renda pessoal mais elevada e desfazendo práticas que, hoje, em vez de proteger o rol de associados do clube, na verdade engessam o potencial de crescimento.

Quanta gente já pensou em se associar ao Fluminense mas desiste, justamente porque esbarra na imposição do uso de cartão de crédito?

Uma boa reflexão a respeito é convidativa. Nem sempre as verdades absolutas estão de mãos dadas com os melhores resultados.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: pra