Ontem foi o nono aniversário da morte de Assis. Dentro de alguns meses, seu gol eterno de 1983 fará 40 anos. Tudo foi breve e definitivo demais.
Eu ainda lembro da elegância de Assis carregando a bola no Maracanã. Da elegância e da altivez. Ele tinha um jeito de correr que, no samba, remete a nomes fundamentais como Paulinho da Viola e Luiz Carlos da Vila. De certa forma, Assis carregava em si uma espécie de estampa do Fluminense no gramado.
Jogou pelo Fluminense de 1983 a 1987. Foi um herói definitivo. Além dos gols históricos e títulos imortais, suas comemorações marcaram época, ora com seu parceiro Washington, ora sozinho. Quem não se lembra dele comemorando como se não acreditasse no gol que marcou? Ou quando exibia o riso discreto da vitória implacável? Raras vezes um jogador chegou ao Fluminense já veterano e se identificou tanto com o paradigma tricolor.
Assis se tornou o primeiro grande ídolo tricolor depois da saída de Edinho, o que não é pouca coisa. Estávamos há quase três anos sem títulos, à época algo inaceitável para o Tricolor, ao contrário de hoje onde, para muitos, é normal ficar muitos anos sem conquistas. Com o Carrasco, não fomos apenas campeões, mas dominamos o cenário de ponta a ponta. Tempos de um Fluminense grande, respeitado e invejado, onde ser campeão era prioridade e não acidente.
Por tudo que foi dito acima, o Fluminense de 2023 está muito distante do de Assis. Já não celebramos mais títulos, mas balanços ressalvados. O quarto ou sétimo lugar são apresentados como mais importantes do que os grandes campeonatos conquistados. A discrição vitoriosa de homens como Manoel Schwartz foi trocada pela cafonice das veneráveis coletivas macarrônicas. O triunfo foi trocado pela farsa.
A lembrança de Assis serve para que possamos reencontrar o verdadeiro Fluminense, que ganhava e ganhava. Que a memória do ídolo sirva para uma autocrítica sincera, desmascarando a calhordice atual. Ele é uma espécie de antídoto contra a picaretagem e a fábrica de trambiques que alguns consideram normais.
Excelente, Andel! Bons tempos em que o Fluminense “sobrava”. Acho que o time atual nos deu um lampejo disso, mas a queda de rendimento, mesmo sabendo dos desfalques, nos remeteu ao divã do analista. Temos de acreditar numa retomada, porque é perfeitamente possível! Forte abraço e saudações tricolores!!