O veto tricolor ao árbitro de vídeo (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, como fomos merecidamente eliminados da Taça Guanabara e agora só voltaremos a campo na quinta-feira próxima pela Copa do Brasil, ganhamos um descanso do nosso início de ano sofrido para aproveitar o Carnaval. Pular, brincar, beber (com moderação e nunca se for dirigir) e ser feliz são as prerrogativas do momento para a esmagadora maioria da população carioca, e em nada tenho a criticar. O carnaval do qual desejo falar, no entanto, é o desfile de inverdades multifacetadas que frequentemente assistimos de camarote; este, por sua vez, acontece em vários e diversos veículos de comunicação, com a única missão de nos confundir e não trazer a versão mais confiável dos fatos.

Tomemos como exemplo a votação para a adoção do árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro deste ano de 2018. Ora, não há o que discutir que esta tecnologia é essencial para que acabe de uma vez por todas o domínio arbitral de certos clubes que são, now and then, ajudados por “erros” de arbitragem. O sonho, principalmente do torcedor tricolor, é ver a justiça imperar nas decisões dos juízes, fazendo valer o resultado de campo e acabando com a famosa “ira dos replays”. Perfeito, é claro que o Fluminense vai votar para termos o árbitro de vídeo, não resta dúvida. Mas aí…

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Transcrevo abaixo o trecho de maior importância:

“A CBF queria que os clubes pagassem pela implantação da tecnologia, que corrige marcações e dúvidas da arbitragem em determinados tipos de lances, como gol, pênalti, aplicação de cartão vermelho e identificação de atletas. O custo estimado para os 380 jogos da Série A era de R$ 20 milhões.

– Vetar foi uma decisão da maioria, pelo custo elevados para os clubes. Para cada clube, (o árbitro de vídeo) custaria R$ 500 mil apenas para o segundo turno, ou R$ 1 milhão para o campeonato inteiro. Decidimos esperar a observação na Copa do Mundo e talvez implantar no Brasileiro do ano que vem – explicou o presidente do Vasco, Alexandre Campello.

No entanto, haverá árbitro de vídeo a partir das quartas de final da Copa do Brasil, com custo bancado pela CBF.

· A favor: Flamengo, Botafogo, Bahia, Chapecoense, Palmeiras, Grêmio e Internacional.

· Contra: Corinthians, Santos, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Paraná, Vasco, Fluminense, Sport, Vitória e Ceará.

· Não votou: São Paulo (o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva tinha ido embora no momento dessa votação).”

Muito bem… o Botafogo, o Bahia e a Chapecoense, que certamente não são clubes ricos, votaram a favor do árbitro de vídeo. O Fluminense votou contra. O custo seria de R$ 20 milhões, que daria cerca de R$ 1 milhão para cada clube da série A, se fosse dividido igualmente o custo entre todos os participantes. Isto para tornar o produto (os jogos da Série A) muito mais atraente, justo e premiar o campeão de fato e de direito, o merecedor. Então, é isso? Não houve nem a consideração de uma estratégia para captar recursos? Não houve nem um debate para se considerar um patrocínio conjunto que abarcasse esse valor? Pedro Abad simplesmente aceitou que sejamos novamente roubados e pronto?

Votar contra essa decisão repercutiu mal e vai repercutir ainda pior daqui pra frente. Vão começar a dar razão aos que gritaram contra o Flu em 2012, aos que fizeram mosaico “CBFlu” e aos que criaram tabelas com “classificação real” do Campeonato em que levamos o tetra. Qualquer campeonato que disputarmos e que houver erro de arbitragem a nosso favor será colocado sob suspeita. A mídia fará questão de lembrar, com toda a certeza, deste voto contra, para colocar em xeque qualquer conquista nossa que tenha havido pelo menos um jogo em que o trio de arbitragem tenha sido infeliz. Ou seja, a imprensa marrom terá um prato ainda mais repleto de maldades para usar contra o nosso querido Fluminense.

Final da Copa do Brasil, 1992. Final da Copa Libertadores, 2008. Dois títulos (de um sem-número) que foram perdidos pela mão grande da arbitragem. Do pênalti marcado erradamente a favor do Inter ao pênalti escandaloso não marcado sobre Washington, onde estaríamos hoje se possuíssemos essas taças em nossa sala de troféus? Ah, poderíamos ter sofrido outro gol do Inter que não fosse de pênalti? Poderíamos. O pênalti sobre Washington poderia ter sido perdido? Poderia. Mas convenhamos que as chances de título sem estes “erros” de arbitragem mencionados seriam muito maiores. Qual foi a razão que fez o mandatário de nosso clube querer a continuidade do que aí está? Será que perder o Carioca de 2017 na mão grande já não foi uma experiência ruim o bastante? Mas ele se justificou, falando à Rádio Brasil:

“– Acho que temos de ver em 2019 como vai ser. As questões principais eram o desequilíbrio e a falta de certeza no que tange ao funcionamento da prática desse sistema. A partir do momento que vemos como funciona, poderemos entender e até ter a noção de como são utilizados os equipamentos, como a empresa que iria fazer o serviço de arbitragem por vídeo funciona e poderemos tentar racionalizar os custos e talvez fique algo mais palatável.”

Penso eu que só seria possível ver o funcionamento da prática desse sistema permitindo que ele funcione. Se você vota contra a implementação de algo novo, como vai saber como ele funciona? A discussão sobre os equipamentos a serem utilizados, a empresa que iria fazer o serviço de arbitragem por vídeo teria que ser a posteriori, depois de já aprovada a medida! Porra, mas isso é óbvio e cristalino! Há alguma coisa muito estranha no ar. Algo não está sendo falado. Ao longo do ano, dilui-se R$ 1 milhão com extrema facilidade, e se a divisão fosse proporcional às cotas de TV, o Fluminense pagaria algo em torno de R$ 800 mil, que se formos dividir durante os meses de Brasileiro, dá uma mixaria por mês. Ou seja, não há qualquer razão plausível para o voto do Fluminense Football Club ter sido contra essa medida.

Presidente, precisamos de uma explicação mais convincente. Li por aí (não me recordo onde) que na verdade o Fluminense havia votado contra a medida porque o árbitro de vídeo não contemplaria todos os jogos, contrariando o que está colocado na matéria que linkei nesse texto. Qual é a verdade, afinal? Estamos fartos de ouvir e ler várias versões de uma mesma notícia. Queremos confiar em tudo o que se fala do Fluminense, e os canais oficiais do clube são perfeitos para nos dar a notícia mais correta, mas é muito difícil acreditar numa justificativa como a que o senhor nos deu. Eu e todos os tricolores aguardamos para saber a verdade por trás dessa decisão.

Curtas:

– O Salgueiro, nosso próximo adversário na Copa do Brasil, tomou uma sapecada de 4 a 0 do Sampaio Correia. Será que vamos sofrer pra vencê-los também?

– Pretendo ir ao jogo contra o Salgueiro, que será realizado no Engenhão e, como sempre faço, acessei o Portal do Sócio para fazer o “opt-in” e comprar meu ingresso online para esta partida. Porém, até este sábado, dia 10/02, não havia qualquer partida disponível para compra de ingressos. Eu gostaria sinceramente de entender o porquê. Depois reclamam da baixa presença de público.

– Léo e Rodolfo chegaram ao clube. Léo era extremamente necessário, pois nossa lateral direita agoniza. Já a contratação de Rodolfo, no meu entender, foi desnecessária. Se Abel não inventar suas “panelices” e fizer o óbvio, que é escalar o De Amores no lugar do Júlio César, Rodolfo será o terceiro goleiro. E não entendo por quê gastar dinheiro para trazer um terceiro goleiro, quando temos um goleiro da base que poderia suprir essa carência. Há certas negociatas que são incompreensíveis.

– O Fluminense precisa se esforçar para trazer Valenzuela. Precisamos de um jogador de qualidade para o meio-campo que estimule o Sornoza a sair dessa mesmice. Se pudéssemos contratar dois meias em vez de um, seria ainda melhor, pois obrigaria o equatoriano a brigar pela posição.

– Espero que as declarações de Marcus Vinícius Freire não fiquem só nisso. Já passou da hora de pararmos de jogar em pardieiros como Los Larios e voltar às Laranjeiras.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#JuntosPeloFlu

Imagem: alo