Não vim analisar nada sobre a derrota deste domingo. Explico. Não adianta querer explicar a reta inteira só por um ponto da curva. O que aconteceu hoje no Maracanã é um desastre que se repete todo ano, com desculpas diferentes e a mesma sentença.
Acontece que, há dez anos, o Fluminense corre para não chegar. Em vez de lutar pelo título, busca a maldita “campanha digna”, pérola do abominável Peter Siemsen. Há quem veja que nos últimos anos melhoramos, pois “até” fomos à Libertadores (como figurantes, e este ano sequer fomos). O que eu vejo é uma agência de leasing da camisa tricolor para ex-jogadores em atividade, com os devidos recolhimentos para empresários e, digamos, outrem.
Em alguma hora, dá pane. Com veteranos caros, o Flu tem um elenco menor e menos qualificado. Quando perde um ou dois jogos, não tem peças suficientes para mudar os paradigmas. Não é de hoje não, gente. São dez anos desse modelo que pode até favorecer várias pessoas, mas não favorece em nada nem o Fluminense, nem sua torcida.
Noutras décadas, a cobrança seria avassaladora. Hoje em dia, que tem de mais ficar a 20 pontos do pré-campeão? Nada, está tudo bem.
As gestões se sucedem com mentiras deslavadas, a falsa administração das dividas que só eleva o rombo. Para pagar o Sub-71, temos que queimar todos os jovens promissores possíveis, de preferência com dez ou quinze jogos – Luiz Henrique foi uma inacreditável exceção. Enquanto isso, tome pesos mortos como Fábio, Felipe Melo, Willian, Hudson, Bobadilla e outros. Antes teve Júnior Dutra, Romarinho e outras patacoadas. Não é de hoje, são dez anos dessa miséria.
Esse ano parecia diferente, até porque Diniz comandou vitórias com qualidade, mas tal como em outras temporadas, o encanto foi para a cucuia.
Vaiar, xingar e protestar é muito importante, mas o Fluminense só tem um jeito para voltar a ser como o protagonista do século XX: é com todos os sócios da modalidade futebol indo votar em novembro e varrer essa farsa que vem sugando o clube, com nomes diferentes mas a mesma mentalidade. Sem isso, o resto é inútil. Não adianta coluna, live, palavrão, like, tudo isso é absolutamente inútil diante da importância do voto.
Enquanto finalizo estas linhas, Fábio resolve criticar a torcida, que deve ter hora para reclamar. O ex-goleiro é responsável direto pelo Fluminense ter sido eliminado da Libertadores e da Copa do Brasil, resultados que trouxeram prejuízos de dezenas de milhões de reais ao clube – deveria ter tido seu contrato rescindido, mas quem disse que aspecto técnico é prioridade no Fluminense? Quando a torcida fez silêncio seletivo e acobertou seus inúmeros frangos neste 2022, Fábio não deu um pio e sequer agradeceu a boa vontade com suas falhas. Não há melhor fotografia da escrotidão que reina no Fluminense.
Prezado companheiro sócio da modalidade futebol, pelo amor de Deus: não deixe de ir votar em novembro. Todos precisamos de você. Se esses caras ganharem mais uma eleição, podem ter certeza: nós NUNCA MAIS vamos ver o Fluminense disputar títulos feito clube grande.
Por favor, vá à eleição não por mim, mas por você mesmo, pelos seus filhos, os seus amigos.
Eu não tenho mais nada a perder, mas perder o Fluminense para a vitória dessa vigarice que domina o clube é como morrer.
Pense nesses 120 anos de história. O Fluminense não pode acabar assim, com as pessoas olhando o desastre sem reagir, sem se opor ao caos.
Só esperando a definição da data da eleição para prostrar minha viagem ao Rio.