A discussão da semana foi sobre a entrega da taça de Campeão Brasileiro de 2012 para o nosso Fluzão. A indignação foi além da torcida tricolor e quase todos concordam que é um absurdo gigantesco guardar um dos gestos mais bonitos do futebol para uma festa restrita, feita apenas para atender a interesses econômicos. Uma festa, diga-se de passagem, que nem será feita na cidade do maior homenageado.

Mas quero abordar esse tema de uma forma mais ampla. Quero lembrar que isso foi mais um passo dado rumo à desdemocratização do futebol. Não, a palavra não existe. Porém não encontro forma melhor de me expressar, por democratizar é dar legitimidade popular e é exatamente essa legitimidade que está sendo roubada bem na nossa cara.

Isso vem de longa data, paulatinamente. Começou com o aumento constante do preço dos ingressos e com o fim das gerais (não falo só do Maracanã) até chegar aos dias de hoje, onde títulos e vitórias são comemorados longe da torcida, que, ainda, só pode ver seu time levantando a taça se tiver TV por assinatura.

Se você parar para analisar e comparar os discursos com a realidade é capaz de cair no riso diante da ironia presente. Até frases polêmicas como “o futebol é o ópio do povo” e populistas como “a Seleção é do povo”, que são repetidas infinitamente pelo país afora, ficam completamente vazias. Pois o povo não tem mais acesso a esse ópio e muito menos à Seleção.

Em um momento de lucidez, muito mais por medo da imagem negativa do que pela vontade de fazer o certo, a CBF aceitou emprestar a taça para que os jogadores do Fluminense possam erguê-la e dar a volta olímpica diante da torcida tricolor, após o jogo contra o Cruzeiro hoje. Por um lado, ótimo! A festa será linda como apenas a torcida do Flu saber fazer. Por outro lado, o verbo emprestar nos lembra da triste realidade promovida por quem manda no nosso futebol.

Por causa do Fluminense, estou sorrindo até para as paredes. Mas vem um sentimento muito ruim quando percebo o quanto estão afastando o futebol daqueles que são os mais apaixonados e até, talvez, seus donos legítimos.

ST!

Rodrigo César – O Rods

Panorama Tricolor / FluNews

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