Alguma surpresa, amigos tricolores? (por Paulo-Roberto Andel)

NUNCA FOMOS TÃO TRICOLORES – DOWNLOAD GRATUITO.

Já na escalação desta quinta-feira, muitos tricolores perceberam que a agonia tricolor de meses continuaria. E não deu outra: com requintes de crueldade, o Fluminense perdeu para o Vitória e continuou como o pior time da Série A, seríssimo candidato ao rebaixamento neste momento.

É óbvio que a mudança no comando não faria o Fluminense jogar o fino, depois de seis meses desastrosos mascarados por uma vitória sobre a fraquíssima LDU – o resultadismo fez com que muitos se esquecessem de que a Recopa foi conquistada nos quinze minutos finais da decisão, com o grande futebol de Jhon Arias. Agora, Marcão também não colaborou: entrou em campo com formação praticamente idêntica às que não vinham dando certo, e mexeu mal demais.

Contudo, usar Marcão como bode expiatório seria uma canalhice que não cabe neste espaço. Não se pode eximir os jogadores do momento pavoroso do Fluminense. A maioria está jogando abaixo da crítica. Porém, é bom que se diga: nenhum jogador tricolor está no clube à força. Nenhum deles pôs a arma na cabeça de alguém para jogar. Nenhum, até mesmo os de futebol mais escasso, caso do zagueiro Antônio Carlos (ex-reserva no futebol estadunidense), como ex-jogadores em atividade, representados por nomes como os de Douglas Costa e Renato Augusto. Todos os que não foram promovidos da base foram contratados e com ótimos salários. E quem os contratou?

O venerável iluminado ilustre marcante fodaço supremo presidente do club, Sr. Mário Bittencourt.

Fred e Paulo Angioni são figuras decorativas do CT. Aparecem em fotos com camisas, abraçando contratados, dando telefonemas e só. Ou até cochilando em jogos…

O modelo de contratações do presidente, de evidente risco com um exército de veteranos (caros), acabou sendo tratado com naturalidade por conta do maravilhoso título da Libertadores, embora não tenha precedentes esportivos dentre os grandes clubes mundiais – e os protagonistas da disputa acabaram sendo os mais jovens: André, Martinelli e Arias, com exceção de Cano, em momento esplêndido. A sonhada conquista deveria ter sido o primeiro sinal de renovação de parte do elenco. E o que fez o presidente? Dobrou a aposta nos veteranos…

Toda equipe precisa ter alguns jogadores experientes, é mais do que desejável. O que não funciona é montar uma seleção de masters para disputar futebol profissional de alto nível. Falta arranque, pegada, velocidade, tempo de bola. E o tempo atlético é muito mais rápido do que o cronológico: de um ano para o outro, a decadência pode chegar rápido.

Resultado: depois da Recopa, o Fluminense quase ficou de fora das semifinais do Carioca. Escapou por um triz de levar uma goleada do Flamengo, sendo eliminado com facilidade. No Brasileiro, foi massacrado por quase todos os adversários, fortes ou fracos. Igualou seu recorde de clássicos sem vitórias. A salvação foi a Libertadores, muito mais pela comovente fragilidade das equipes do grupo onde se encontrava o Tricolor. Em meio ano, o único adversário de primeira divisão que derrotamos foi o Vasco.

Tudo isso é muito pouco para o atual campeão da América.

Portanto, meus nobres, o gravíssimo problema do Fluminense passava pelo técnico e jogadores sem dúvida, mas não somente. O Flu tem regime presidencialista, as decisões são responsabilidade direta do presidente do clube – e se ele foi louvado como herói por que nos “deu uma Libertadores”, também deve ser apontado como o principal responsável por tudo de ruim que acontece agora.

Isso não é uma condenação ou um apedrejamento, longe disso, mas apenas um ordenamento lógico, francamente oposto ao de boçais que até dias atrás pregavam a “ditadura eterna do presidente tricolor” no Fluminense. Ninguém é presidente só nas vitórias.

Diria Muricy Ramalho, outro grande treinador da história do clube: “A bola pune”.