Ouvindo alguns programas esportivos nesta semana percebi que minha imersão na Copa do Mundo levou-me a um mundo de Alice em que não consigo compreender bem tudo aquilo que se passa, nem mesmo seguindo a lépida raposa que parece comandar todas as ações. Listei algumas coisas que ouvi e não sei se entendi bem ou mal. Ou se não entendi. Ou se não eram coisas para que eu ouvisse. Mas vamos a elas.
1. O novo treinador da seleção
“Dunga como técnico da seleção é a pior escolha possível”. Isso deve ser complexo de Escobar. Dunga não é tão diferente de Tite ou de outros candidatos selecionáveis ao cargo. Nenhum deles traria a “novidade” tática tão esperada, por isso nem acho que foi tão ruim assim. Talvez a empresa televisiva que se acha dona do futebol nacional tenha ficado um pouco ressentida com esse nome. Em um alto jogo de egos, vaidades e poderes, a CBF sentiu-se traída pelos comentários oportunistas após (e mesmo durante!) os 7 x 1 sofridos pelo selecionado nacional e resolveu contra-atacar.
A Globo fez o que quis na Granja, de Mumuzinho a Luciano Huck, passando por Fátimas Bernardes e outras estrelas globais. Nesse tempo era só alegria, união, felicidade e confiança. Bastou a sapatada para a crítica passar das quatro linhas, atingir a preparação e todo o circo montado por eles mesmos. Aí, sobraram os exemplos do trabalho alemão. A CBF, apunhalada covardemente pelo parceiro que jamais divide erros, tomou a decisão por aquele que justamente resolveu tratar a Vênus Platinada como qualquer outra emissora.
2. Campeonato brasileiro
Se você quisesse saber quem é o líder do campeonato nacional teria muitas dificuldades após a Copa. Parece que toda a imprensa esqueceu-se do Cruzeiro e de uma pá de gente lá da frente para falar da crise do futebol nacional. Sim, além dos sete a um, a crise futebolística mostra outra face: a “molambada” na lanterna do campeonato. Até aí, nada demais, afinal as equipes ganham e perdem corriqueiramente no futebol, mas, nesse caso, a imprensa “pira”.
Primeiro veio a fase da negação. Juro que ouvi esses comentários: “ainda estamos na 11ª rodada, este não é o time do Flamengo, ainda há nove jogadores para entrar. Não é para se preocupar tanto quanto querem fazer parecer”. Nos dez campeonatos anteriores, os sete clubes que ocupavam a lanterna na 11ª rodada caíram. Não é para se preocupar? Não estou dizendo aqui que “eles” cairão, mas que, fosse com qualquer outro clube, haveria um clima de desespero, com vaticínios de queda e tudo o mais.
Vi também a bonança em forma de solução rubro-negra. Vanderley Luxemburgo fora duramente criticado por ser ultrapassado e tudo o mais quando chegou às Laranjeiras. Hoje, parece ser uma solução necessária para o time da Gávea. Os meses que passou desempregado viraram um período “sabático” e de estudos. E, nessa toada, o enaltecimento à competência do treinador, além de inúmeras formas de montar a equipe. Enfim, o Fla nos comentários era todo solução.
Nos minutos finais, um breve espaço para o Flu (como sempre), e vem a lenha: depois da Copa, o Flu não apresentou o mesmo padrão, venceu por um a zero o Santos em um jogo cheio de erros de passes, depois de ter tomado um vareio do Criciúma (!?), Walter novamente com problemas com a balança, o time perdeu a agressividade, Cristóvão faz o time tocar sem apresentar efetividade, a colocação de mais um volante é uma necessidade diante do mau futebol de Wagner, etc., etc., etc.
Nesse momento desliguei o rádio e fiquei com a impressão de que ser o lanterna do campeonato é muito melhor do que ser o terceiro colocado. Deu até inveja do elenco e do treinador do clube de remo… Ah, Flapress!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: google
Chega a ser risível.
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