A vida nos traz com o tempo algumas experiências. Uma daquelas que tenho como marcante e que retirei como Secretário Estadual de Educação, quando tínhamos mais de 1200 escolas e 750 mil alunos, é que a “culpa” nem sempre é somente do aluno indisciplinado, mas do sistema que o educa e acolhe.
A ação simplista e acomodada de considerar que alguns jovens que tenham a postura equivocada é derivada da sua “índole”, ou de algum “mau caratismo”, é uma visão turva daqueles que, muitas vezes, não conseguem enxergar seu papel como supervisores e formadores.
O caso do jovem JK exemplifica muito isso, pois não é um jovem que chegou somente agora no Fluminense. Ele vem conosco desde as divisões de base, sob os nossos cuidados e de profissionais do próprio Fluminense e que, logicamente, tem muita responsabilidade na chamada formação e na reorientação postural do profissional – e não é somente uma questão da índole, como oportunamente querem colocar.
Achar que um garoto de 20 anos que começa a ter sucesso, e que vem da comunidade, não vai gostar de ir à festas, ter namoradas e jogar peladas com seus amigos da comunidade, e muitas vezes tomar uma bebida alcoólica, é uma ilusão e ate adotar uma postura de avestruz para uma série de outros jogadores cascudos que temos contratado, que vêm com empresários e que acabam sendo blindados.
O jovem JK tem a virtude de se demonstrar tricolor, vibrar com as vitórias do Fluminense na base, zoar os nossos adversários e, principalmente, ser um eterno carrasco da mulambada durante toda sua história, inclusive nas vezes que atuou como profissional. Portanto, muito melhor do que alguns comportadinhos que gastamos fortuna, como Abel Hernandes e até o não comportado Casares, mais Bobadilla, que contratamos sabendo ser problemáticos. Muitos que hoje demonizam o JK se calaram à época.
O Fluminense se mostrou muito mais receptivo e sensível a situações particulares, como recentemente a de um goleiro contratado após ter tido um caso de doping, e que foi reincidente, mesmo estando na reserva e sabendo que, com o consumo, poderia pedir para não ser escalado – o Fluminense não rompeu seu contrato e continuou possivelmente dando algum subsídio financeiro até o fim do mesmo.
Da mesma forma, alguns atletas altamente limitados como Caio Paulista já tiveram suas chances quando foram vistos em baladas, e não podemos achar que algumas contratações como Felipe Melo sejam exemplos e referências para profissionais comportados. Basta ver o que aconteceu na saída do jogo com o Palmeiras, onde se especulou brigas e discussões do lado de fora na ida para o vestiário e o estilo celebrado de “Ruf Ruf”, dinamizado pelos marketeiros para os torcedores que usam antolhos para manobras de empresários.
O próprio Fred foi adotado como baladeiro no passado por grupelhos. Quem não se lembra da questão do número de caipirinhas que ele tomava numa noite e que usaram também oportunisticamente para criar a imagem de um baladeiro quase alcoólatra, que não poderia mais continuar no Flu, e que assim foi corrido do nosso o clube, para depois ser corretamente recebido nos braços da torcida e aposentado como um dos nossos grandes ídolos.
O que me parece no caso do JK: os supervisores, o próprio empresário e o Fluminense têm se demonstrado bastante omissos na supervisão da carreira do jovem, inclusive criando oportunidades para ele se desgastar, pois há de convir que não há razão para contratação de jogadores como Marrone e Alan tendo jovens talentos como JK que, aliás, poderia ser extremamente valorizado e até comercializado no futuro.
A criação das imagens de forma oportunística para viabilizar a comercialização na bacia da almas é um mecanismo muito normal em especial no Fluminense de hoje. Quem não se lembra do movimento que criaram no entorno do Pedro, que diziam ser um jogador bichado e que não queria mais jogar no Fluminense, que queria ir para o exterior e que foi comercializado numa possível operação ponte com Fiorentina e hoje, infelizmente, está arrebentando.
Já se descobriu uma grande forma para justificar o amadorismo ou jabaculê para sair do Fluminense, que é arrumar uma confusão, ou admitir ser torcedor do mulambo, ou até falar que quer sair, para aqueles que querem vender conseguirem manipular facilmente os “passadores de pano” e justificar negociações bastantes favorecidas.
Os chamados empréstimos não são para ganhar maturidade, mas uma mera manipulação para enganar trouxa, onde se emprestam jogadores com direitos federativos fixados, para que não tenham que cumprir posteriormente situações próximas a multas de rescisão estando no contrato.
Certamente JK não é santo, como não são santos muitos jogadores, mas também não é o Cramulhão e o Fluminense tem a responsabilidade e a obrigação de cuidar e acompanhar o jogador, pois ele é uma joia da nossa base e que não pode ser motivo de mais uma manipulação em torno da torcida tricolor.
Um comentário perfeito!
Acrescentaria o da queima de ativo, que essa diretoria usualmente comete, com o patrimônio do clube, de seus atletas, seja pela difamação; seja pela venda, como toda a torcida vem acompanhando, nos últimos anos.
Muito bacana o seu comentário, pois ele aponta vários marcos negativos dessa política de depenar a nossa base.
Lembro que essa prática no clube é antiga.
Para quem viu Roger Flores e depois Diego Souza, Arouca e tantos outros jogadores que foram sendo produzidos em escala de Xerém, perceberão que o modus operandis é o mesmo…desgasta a relação do moleque de Xerém com o clube, o colocam como vilão do clube, a mídia expõe a história contada pelo clube, a torcida acredita na história que virão na televisão e daí, o clube vende por um valor abaixo da expectativa. O então bandido de Xerém sai do clube e faz uma carreira vitoriosa por outros clubes sem trazer títulos e sem trazer um grande capital para o Fluminense.
Enfim, os CAVALOS DE TROIA estão pastando nas Laranjeiras, em Xerém e na Barra….sempre contaminando o clube para sua sobrevivência.
Lamentável jabaculê.