Por pouco, a carruagem tricolor não virou abóbora em Bragança Paulista (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, a carruagem tricolor por muito pouco não virou abóbora em Bragança Paulista. Tivéssemos mais cinco ou dez minutos a disputar no certame, a certeza viraria dúvida certamente. Num jogo fraquíssimo, em que o Bragantino só teve mesmo de virtude encharcar o campo e explorar a previsibilidade de Roger, o gol de Nenê de falta (ele tem feito tipo um gol desses a cada dez jogos em média) nos deu uma vantagem de três gols que, bem administrada, em condições normais, com onze em campo, seria levada até o fim. Havia inclusive sido esse o meu palpite para o placar da partida. Mas, como temos começado com nove nos dias que Dom Fredón está apagado, era difícil esse cenário. E ainda assim, mesmo em um jogo para o qual a intensidade era um pré-requisito, Roger tira acertadamente Fred, que não se encontrou em campo, e coloca Abel, que certamente seria mais um ali, mas para por aí. Voltamos a ficar com dez, mas dura pouco, porque Caio Paulista e Gabriel Teixeira têm prazo de validade. Aí ele faz o de sempre, mantém o Nenê em campo e… ficamos com oito. Era claro que ia dar merda.

Nenê foi mantido até os 45 do segundo tempo, sendo substituído por David Braz quando a vaca já ameaçava ir para o brejo. Roger fechou a casinha, segurou o 2 a 1, porque era o que dava para fazer. Terminou o jogo com nove. É muito pouco. Ótimo que tenhamos nos classificado, mas essa partida mostrou, para quem quiser ver, todas as principais limitações do Fluminense. Aliás, quem lê as colunas do PANORAMA já sabia delas. Difícil assistir aos jogos do Fluminense sabendo que Nenê é o dono do time e só vai sair depois de 80 minutos jogados, não importando o quão parasita ele seja, e que veremos Kayky e Luiz Henrique entrando para não jogarem absolutamente nada. Kayky, que até outro dia era insinuante, perigoso e tinha personalidade, desapareceu. Não sei se já está com a cabeça no Manchester City, se está com medo de se machucar, ou o que diabos ocorre com ele, mas não dá para tê-lo nesse esquema. Luiz Henrique, então, é difícil até começar a comentar. Ele é mais lento que o Nenê e parece jogar mais sem vontade que o Ganso, e não tem nem vinte anos de idade.

Não sabemos muito bem o que rola nos bastidores, mas não dá para empurrar esses três jogadores goela abaixo do time todo jogo e esperar que vá sempre dar certo. Se Roger não arrumar substitutos adequados para o Caio e o Biel, não vai demorar para os revezes começarem a aparecer. Tempo para azeitar o time para as próximas fases de mata-mata o Roger terá. Tanto a Libertadores quanto a Copa do Brasil só voltam em julho. A primeira em 13/07 (com o jogo da volta sendo dia 20/07) e a última a partir de 28/07 (datas ainda a definir). Nesse ínterim, o Fluminense enfrentará o Bragantino nesse domingo (fora), o Santos na próxima quinta (casa), o Fortaleza no outro domingo (fora), o Atlético-GO no dia 23/06 (fora), o Corinthians no dia 27/06 (casa), o Athletico-PR no dia 30/06 (casa), o Flamengo no dia 04/07 (fora), o Ceará no dia 07/07 (casa) e, inicialmente, o Sport no dia 11/07 (fora), sendo que essa partida provavelmente será remanejada para o dia 10, devido à partida pela Libertadores ser no dia 13. Essa tabela, que eu achava razoável, começo a vê-la sob outro prisma.

O Bragantino já manjou nosso modo de jogar e é nosso adversário desse domingo. Se Roger não fizer qualquer mudança, os caras já sabem o que fazer: encharca o gramado e bota correria em cima da gente, principalmente se não entrarmos com as travas de chuteira adequadas. Depois temos o Santos, cujo técnico é o Ariel Holan, que também não é bobo. Depois, o Fortaleza, que conta com a sensação Vojvoda. Em seguida, o Atlético-GO, que tá passando o carro em cima de todo mundo… enfim, se Roger fizer “mais do mesmo”, a chance da maionese desandar é grande. O John Kennedy é uma possibilidade para o lugar do Caio, e eu traria o Matheus Martins para o time principal, para substituir o Biel. Se ele quer tanto assim colocar o Luiz Henrique, dê uma chance para ele no lugar do Nenê, na posição de meia, onde jogava na base, ou até mesmo mantenha o Biel, deslocando-o para a função do veterano, enquanto dá mais uma oportunidade para Kayky e o coloca para jogar um pouco mais avançado, fazendo a marcação pressão na saída de bola junto com o Abel Hernández no segundo tempo.

Para quem não se baseia na opinião da torcida, Roger entrega muito pouco em termos de trabalho técnico e tático. O time só tem um esquema funcional, que é bem executado, mas que não funciona o tempo inteiro por falta de peças de reposição. As jogadas de bola parada não são mais o nosso forte, não temos jogada ensaiada. Não resolveu até hoje o problema da lateral esquerda, e nem parece querer resolver. Deixa que um veterano mande no time, a ponto de se tornar intocável. Roger não entende a característica das partidas, leva a campo sempre o mesmo time, não importando se é num gramado seco e maltratado às 11 da manhã de domingo, ou num gramado bom, mas encharcado, numa noite fria de quarta. Mesmo assim, arrota arrogância e um jargão pseudotécnico completamente desnecessário. Não era minha escolha para técnico do Fluminense, mas falei que devíamos apoiá-lo e deixá-lo trabalhar. Pois bem, a paciência está acabando. No mês de julho, o Fluminense precisa estar jogando bola, competindo e tendo opções para manter o esquema o jogo inteiro. Caso contrário, poderemos já estar lamentando em agosto as decisões de Roger.

Curtas:

– É importante que a parcela da torcida que não pressiona para que a base seja utilizada comece a assistir às partidas da equipe sub-23. Reparem em Metinho, Jefté, Alexander, João Neto, Matheus Martins, Wallace e Higor por alguns jogos. Talvez entendam por que questionamos tanto a ausência destes no elenco principal.

– É assustador ver que o Fluminense tentou contratar um volante que foi cria da Gávea e tem preterido suas próprias crias. A dupla reserva de volantes, que deveria claramente ser Calegari e André, até por terem características parecidas com as de Yago e Martinelli, segue sem receber novas chances. Sempre que um volante tem que entrar, lá vai Wellington trotar. Difícil.

– Voto online já! A quem interessa um Fluminense elitizado e afastado do seu torcedor e do seu sócio futebol? Chega de feudos comandarem o clube!

– Palpites para as próximas partidas: Bragantino 0 x 0 Fluminense; Fluminense 2 x 1 Santos.

1 Comments

  1. Uma retificação: Nenê foi substituído por David Braz, não por Wellington. Mas a intenção foi basicamente a mesma.

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