ILogo mais, a inevitável expectativa de manutenção da nossa liderança no campeonato cerca as Laranjeiras e todos os corações tricolores do Brasil.
Melhor dizendo, quase todos.
Talvez 99,989898%.
A dízima complementar, tão representativa quanto sua fração equivalente, segue a estranha reza em esperar “burrices” de Abel, a “atuação sem viço” do time e, caso tais pérolas estejam no caminho, a chance de “comemorar a vitória de sua tese”, verdadeiro “êxtase da derrota”. Céus! Infernos…
Tirado o nervo do gostoso bife, regozijo-me à mesa. A partida de quarta-feira passada contra a Portuguesa nos deu – opa, falo da maioria que torce a favor! – ainda mais esperanças em relação ao título deste ano. Motivo: fomos pressionados, acuados e soubemos virar um cenário completamente desfavorável, típico do time cascudo tão bem-citado por Caldeira. É postura de quem quer ser campeão. Superar dificuldades, adversidades. Tudo isso ainda com os desfalques conhecidos de todos.
Como não esperar o melhor?
Agora, uma pequena brincadeira supersticiosa para os que pensam nisso. E direcionada para os “contra-Flu”.
Quando se pensa em números e superstições, qual o primeiro deles a vir à cabeça?
Talvez o 13.
Bom, o que era de nós há exatos 13 anos?
II
Em 13/09/1999, 13 anos e 2 dias, estávamos talvez no momento em que o Fluminense foi mais massacrado, vilipediado e ridicularizado pela imprensa esportiva em sua história.
Fluminense 1 x 0 Dom Pedro, o time dos bombeiros de Brasília, 1 x 0 chorado para nós, gol do efêmero e raçudo volante Odair.
Quando os times entraram em campo, os jogadores do Dom Pedro tiraram todas as fotos possíveis, tanto do Maracanã quanto dos jogadores tricolores. Sabiam que seria a única atuação da equipe no estádio sagrado. E foi mesmo.
Dias depois, agonia. Em 18 de setembro, Goiânia 4 x 3 Fluminense no Serra Dourada. Ser eliminado na primeira fase da última divisão do futebol brasileiro poderia significar o fim, mas o tricolor é maior do que tudo. Tropeçou, caiu, levantou. Vitória por 2 x 0 sobre o Dom Pedro no dia 21, derrota para o Anapolina do técnico Vica por 1 x 0 no Maracanã, nova derrota para o Anapolina por 3 x 2 em 03/10/1999. Em 06 e 09 de outubro, vitórias sobre o Serra fora (1 x 0) e Villa Nova em casa (3 x 1). Conseguimos a classificação e escapamos da maior vergonha de todos os tempos. Este era nosso cenário há 13 anos. Espero pelo primeiro louco que venha até este sítio e afirme ter saudades de 1999.
Tive dificuldade em saber as datas, precisei pesquisar. Quanto aos placares, não: eu estava lá. Eu e mais vinte mil maníacos que compareciam a cada jogo e fizeram do Fluminense um dos quatro times com mais público nas arquibancadas em todo o Brasil daquele ano. Ninguém esquece a própria dor.
III
Passado o caos, voltamos com tudo. Duas semifinais de campeonatos brasileiros, uma grande campanha na Copa João Havelange, o título do centenário em 2002, outro estadual em 2005, a final da Copa do Brasil no mesmo ano, finalmente vencida em 2007. No meio do caminho, duas lutas firmes contra rebaixamentos em 2003 e 2006. Tropeçamos, levantamos.
Libertadores 2008, duas outras lutas inacreditáveis contra rebaixamentos em 2008 (que a turba costuma esquecer) e em 2009 (este, exercício de literatura).
Finalmente, o título de 2010. Quase o de 2011. A força e a esperança agora em 2012. Viramos clientes assíduos da Libertadores. Times grandes do continente agora mostram temor diante de nossas cores.
Em 1999, o Goiânia sapecava quatro gols sem tomar conhecimento.
Ainda há alguma dúvida que melhorou?
IV
Não posso deixar de agradecer os 99,989898% de leitores amigos que compreenderam – e respeitaram – meu ponto de vista nesta semana em artigo publicado sobre a gestão do presidente Peter Siemsen, reproduzido também no site parceiro O’Tricolor.
Muitos foram impecáveis em seus comentários e e-mails. Os mais próximos sabem que não dependo de nada do clube, não tenho projetos de poder (não sou nada diante do cenário), não faço politicagem e tão-somente expressei meus parabéns a um presidente em quem provavelmente eu não teria votado, caso fosse sócio, mas que tem mostrado um saldo amplamente positivo em sua gestão. E só.
Dentro da insignificante dízima complementar, há quem sempre mencione o fato de eu não ser um jornalista por formação, às vezes em tom jocoso (e raso), mas sem saber que acertou o alvo.
Não sou mesmo. Sou escritor.
E estatístico, esta a profissão de sustento.
As matizes são diferentes. A matriz também.
Não preciso ficar obcecado pelo crescimento da audiência e tampouco por “furos” jornalísticos.
Tenho mais o que escrever.
Aguardem os próximos lançamentos.
ST
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Imagem: Google.com
Contato: Vitor Franklin
Boa lembrança. Eu vivi 99 intensamente. Vi os jogos contra o Dom Pedro aqui em Brasília, fui a Goiânia ver o jogo contra o próprio, fui a Anápolis, minha terra natal, ver o jogo contra a Rubra, segundo time de meu pai. Foi uma época complicada, pedradas em Anápolis, desespero em Goiânia. Lá, depois dos 4 x 3, com um show do barrigudo Aírton, encontrei o Francisco Horta na saída do Serra Dourada. Quase bati nele. Já idoso, olha a loucura a que a gente chega! Meu cunhado me segurou para que eu não fizesse merda. Eu chorava de raiva, de ódio daquela situação. Mas, como sempre digo: “o sofrimento purifica a alma”. E a alma tricolor é, indiscutivelmente, a mais pura.