Desde que a Lei Pelé transferiu a ditadura do passe para as mãos dos empresários, o futebol virou isso que aí está: você comemora a vitória numa rodada e não sabe se os jogadores ainda estarão no clube até a partida seguinte. Contratos de dois, três ou quatro anos não significam nada: a multa paga. Os empresários ganham, tudo certo.
Para quem vem num bom momento no Brasileirão, a possível perda de Wagner e a possível chegada de Wellington Paulista (que surpreendeu até mesmo seu agente) não podem ser consideradas exatamente peças de um planejamento.
Enfim, é continuar torcendo para que as coisas dentro de campo continuem em bom funcionamento.
Sobre Wagner, não creio que caiba a tradicional pecha de “fdptraidor” geralmente aplicada nestes casos. É um profissional, tem que buscar o melhor para si e, por favor, não é torcedor do Fluminense. A diferença entre um fdptraidordesgraçado e um tricolordeverdadenogramado resume-se simplesmente à existência ou não de uma enorme vantagem (ou compensação) financeira. E só. Nem todo mundo é Preguinho, Castilho ou Telê – esses sim torcedores em campo.
Os resultados e a mitologia do futebol às vezes levam a distorções. Quem se lembra do Time de Guerreiros de 2009? Teve gente dele que bateu pezinho dizendo que não jogaria em série B nenhuma, pulando fora do barco a quinze rodadas antes do fim. Com a impossibilidade de negociação, engoliu a seco, mostrou serviço e se consagrou para sempre.
No futebol, a diferença entre o herói e o vilão muitas vezes só depende da maquiagem da realidade, conforme a conveniência.
Wagner foi contratado a pedido de Fred. Fez grandes partidas e outras, pavorosas. Esteve em campo em partidas de muita garra e também em tardes e noites abomináveis. Agora precisa processar a Unimed e não tem mais a parceria de Francis Melo. Em suma, viveu. Se tiver que ir, terá deixado grandes êxitos e alguns dissabores. Retratos da vida.
Um dia os torcedores vão entender que só eles são apaixonados para sempre.
PS: #IstoéVaiProcurarUmaRola
@pauloandel