A patetocracia que reina no Fluminense (por Paulo-Roberto Andel)

Matéria publicada em O Globo, 28/04, assinada pelo jornalista Bruno Martinho, traz o seguinte conteúdo.

Partindo da veracidade da informação – e não há por que duvidar -, são múltiplas as interpretações, mas todas levam a um mesmo caminho, que passa pela diretoria tricolor estar completamente alienada da história do clube e do momento do time.

Para os que sonham com arquibancadas lotadas em todos os jogos, é preciso dizer que isso inexistiu durante a primeira época do Maracanã (1950-2010). Em centenas de ocasiões, o Fluminense jogou para públicos de 5.000 torcedores ou menos.

Desde 2013, início do Novo Maracanã, o Fluminense só jogou para mais de 50.000 pessoas como mandante, excetuando-se os clássicos locais, em duas ocasiões.

O Flu teve uma grande chance de fazer história com sua torcida na decisão do Carioca 2022, quando poderia ter 75% do público no jogo final. Curiosamente, a própria diretoria liberou a venda geral no dia da primeira partida, permitindo que os rubro-negros fossem maioria expressa.

O título carioca foi um alívio e motivo de intensa comemoração, mas a ferida aberta da patética eliminação na pré-Libertadores continuava ardendo, e piorou com o desempenho sofrível no Brasileirão, a péssima estreia na Copa do Brasil e a campanha amassada na Sul-americana – que o Flu não disputa por mérito e sim pelo contrário, uma vez que sequer chegou à fase de grupos da principal competição continental e, por isso, está jogando a secundária.

Acabamos de ver um inacreditável dueto composto por Wellington e Caio Paulista. Há meses temos aguentado as atuações extraterrestres de Cris Silva. O decreto que impõe Willian em campo irrita a todos que querem um futebol melhor. Desnecessário dizer do que aconteceu nos jogos diante do Olímpia. As escalações e substituições de Abel Braga têm desafiado definições. No Brasileirão, até agora só marcamos um gol, ainda assim contra. Em duas terças-feiras seguidas o time jogou até perto de meia noite, numa cidade absolutamente perigosa e com deficiência no transporte público.

Com todo esse pacote, a que conclusão chega a brilhante diretoria do clube? Que a arquibancada esvaziada é culpa da oposição tricolor.

Alguém pode levar a sério uma sandice dessas?

Quando o Fluminense colocou quase 60 mil pessoas no Maracanã em 2019 diante do Corinthians, já tinha a atual gestão. Não havia oposição na ocasião?

Em 2014, diante do Vitória, com mais de 50 mil torcedores presentes, Peter Siemsen dava sequência à sua péssima gestão. Não havia oposição na arquibancada?

Quantas e quantas vezes Roberto Horcades foi criticado e achincalhado? A torcida do Flu lotou o Maracanã várias vezes durante sua gestão, em momentos de glória, tristeza e desespero.

Culpar o jogo político pelas arquibancadas com pouco público é falta de noção e de vergonha na cara. É tratar a torcida como imbecil.

A maior média de público da história do Fluminense data de 1976, superando 40 mil pagantes nos jogos dos campeonatos carioca e brasileiro. As revelações eram Pintinho e Edinho, o reforço veterano era Carlos Alberto Torres, os craques eram Rivellino e Paulo Cezar, o veloz atacante oportunista era Gil. Nem o mais delirante dos tricolores poderia imaginar que, quase 50 anos depois, as camisas brancas e tricolores do Fluminense abrigariam Crissilvas e Caios Paulistas da vida, tratados como reforços.

A direção do Fluminense deveria se mancar e cumprir as promessas feitas, tais como disputar TODOS os títulos e implementar o voto on line, respeitando o direito de todos os sócios do clube. Aí sim, poderíamos falar de democracia. Por enquanto, se nada mudar, o que temos hoje é patetocracia.

2 Comments

  1. E o Fred derrubou o Abel.
    Depois daquela negativa na entrevista eu entendi logo.

  2. Cris Silva, Pineida, Marlon, Danilo Barcelos, Felipe Amorim, Rayner, Somália,Wellington, e tantos perebas contratados por aqueles que deveriam servir ao Fluminense, mas que se servem dele, estão conseguindo nos tirar do protagonismo e vanguarda que sempre nos pertenceram e hoje não ocupamos nem a terceira prateleira no cenário nacional. America-MG, Fortaleza, Ceará, Bragantino, Atl. PR entre outros estão com trabalhos mais robustos e maior espaço na mídia do o cada vez mais ironizado Flu. Este ano, após o título, que conquistamos com autoridade, nada mais nos resta, a não ser torcer contra o rebaixamento. Como querer apoio maciço do torcedor assim??!! Só vejo bom trabalho na base, mas isso não anima, poucos da base têm chance e são vendidos cedo e a preço de banana… se não houver uma mudança de rumos urgente, vamos virar um Olaria…

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