(Publicado originalmente no Facebook do autor)
A invasão corinthiana em 1976.
Eram 70.000 pessoas torcendo pelo Corinthians que viraram 80.000 corinthianos nos últimos anos.
O Jornal do Brasil do dia após o jogo conta honestamente a história, sem o sensacionalismo da imprensa marrom, disponível on line nas edições anteriores e posteriores ao jogo.
Eu estava lá desde onze e meia da manhã e vi gente com camisas, bonés e faixas na cabeça de inúmeros clubes do Brasil na torcida do Corinthians.
Naquele dia esse então garoto de 13 anos entendeu o significado da palavra inveja, sentimento que nunca tive.
A Torcida Tricolor em qualquer jogo chega forte faltando uma hora para o jogo começar, sendo comum o jogo começar e ter gente entrando.
Não conhecendo o estádio, a torcida corinthiana tentou se colocar como se estivesse no Morumbi, na metade entre os gols, e as torcidas organizadas do Fluminense começaram um guerra de morteiros, e aí sim foram para a metade do placar, não lotada desde o primeiro momento.
Qualquer um que assista as imagens do jogo, não as editadas, verá que a arquibancada estava dividida, as cadeiras talvez, a Tribuna não e na geral a grande maioria era tricolor, onde só nela cabiam 35.000 pessoas.
Eram 146.000 pagantes, talvez 160.000 presentes.
Por volta das 15 horas, as torcidas cariocas rivais do Fluminense, uma a uma, até do America, desfilaram com as suas bandeiras tendo os nomes gritados. A do Flamengo, bem mais alto.
Nesse dia foi criada uma união entre essas torcidas, chamada Fla-Fiel, que terminou com uma surra gigantesca que a torcida rubro-negra tomou no Morumbi em 1984.
Fizeram um “documentário” nos últimos anos no qual editaram bastante a lenda.
Depois disso, Juca kfouri, o maior divulgador da mentira, afirmou no Jornal Nacional que todos os ingressos enviados a São Paulo foram vendidos, quando foram enviados 52.000 e devolvidos 10.000.
Se multiplicarem o número dos que se deslocaram de São Paulo para o Rio com os meios de transporte informados na época, terão dificuldades em chegar a 20.000.
Eu diria 30.000, 35.000 corinthianos e o restante dos quase 70.000 (?) da torcida arco-íris.
Naturalmente, nas versões atuais os números dos meios de transportes são multiplicados.
A revista Placar, que no passado distante tentava disfarçar o bairrismo e o clubismo, também ajudou a multiplicar esse número de presentes ano passado.
O jornalismo sério morreu há muito tempo, eu diria desde a segunda metade da década de 1980, marco para minhas observações pessoais da degradação moral do Brasil, também no futebol.
Imagem: TV Bauru.
Ótimo texto relatando muito bem o que ocorreu naquele dia – eu também estava lá.
Fico irritado com essa “fábula” que foram cri ando, e inflando ao longo de tosos esses anos,
A torcida arco-iris (todos contra o Flu) é que deu margem à mentira.
Outra coisa muito importante, é que perdemos (nos pênaltis), porque foi quase impossível jogar naquele gramado ,alagado devido ao dilúvio que caiu.
Em situação normal dificilmente perderíamos aquele jogo, ST’s