Noite de 14 de dezembro de 1983. Trinta e cinco anos, três meses e dezoito dias. Foi a última vez em que o Flamengo beneficiou o Fluminense em algum título ou disputa. Ao vencer o Bangu por 2 a 0, fez do Flu o campeão estadual daquele ano.

Mil voltas do mundo depois, o estranho regulamento do Carioca 2019, somado à bobeira tricolor ao final da Taça Rio, deu o tom: Vasco x Flamengo na final, o time da Colina ganhando eliminava o Flu de vez, o time rubro-negro decidindo com o time reserva e, cá entre nós, porque o Flamengo correria para ganhar e recolocar o Fluminense no jogo, podendo pegar o Bangu? Desde aquela vitória do primeiro parágrafo, sempre foi assim: precisou, o Flamengo espirra o taco.

Acabou não sendo: empataram um jogo perdido nos acréscimos e viraram nos pênaltis. Inesperadamente, mais um Fla-Flu no campeonato. Vencemos um, perdemos dois, surgiu uma grande chance do caminho.

Vamos jogar contra o empate, contra a imensa torcida, contra a má vontade da Federassauro e da Rede Globo. E jogar contra nossas deficiências e desfalques, caso de Ganso. Um pacote impopular, no mínimo. Só falta o Marcelo de Lima Henrique apitar novamente.

É um Fla-Flu. Vale a vaga na final do campeonato. Vale a disputa. Favoritismo, não temos. Nosso time é tecnicamente inferior. Nos bastidores, somos esquálidos. Bom, eda?

E daí?

Nos clássicos, todo mundo tem dois metros de altura, todo mundo tem cem anos de tradição nas costas. E se o caso é Fla-Flu, o Fluminense tem uma tradição centenária desde os tempos de Barthô.

É um único jogo que pode se transformar em três. Uma única bala de prata.

E daí que seja sonho? Como não acreditar? O destino nos recolocou no jogo, hora de acreditar e apoiar. Dane-se a diretoria e a porcalhada doida para voltar: o que importa é o Fluminense.

Nem que seja por um jogo só, o Tricolor voltou. Isso tem um significado enorme.

Panorama Tricolor

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