O trabalho de Fernando Diniz continua evoluindo e quanto a este fato não resta dúvida. Mesmo aqueles torcedores que fizeram forte movimento contrário ao seu retorno, afirmando à época ser um ato de loucura da diretoria, agora se calam diante do crescimento do time. E a melhora não se dá somente por questões táticas e estratégicas, ela ocorre também pela recuperação do aspecto psicológico e da gestão de grupo humanizada praticada pelo comandante tricolor. O grande receio em torno da volta de Diniz era o possível exagero na aplicação de seus preceitos ofensivos, o que poderia deixar o time frágil defensivamente. E foi assim, contra estigmas e discursos de ódio, que Diniz chegou para reerguer um time que estava perdido e sem rumo. E a problemática, como citado, não residia apenas no aspecto tático mas, sobretudo, na condução de um vestiário que vagava sem rumo após o trabalho sem substância de Abel Braga.
A construção vem sendo vista não somente com os resultados, mas principalmente com a evolução do desempenho. Aos poucos, a equipe vai ganhando forma e, a cada partida, vai aumentando seu repertório nas fases do jogo. O mais interessante é também enxergar a evolução de Diniz como treinador. Podemos dizer que sua versão mais moderada não abandonou a sede de competir e vencer, muito menos o apreço pela posse de bola. Suas ideias para encontrar espaços e ser agressivo continuam presentes no seu cardápio, mas agora seu time também é preparado para sofrer sem a bola. O tempo fez Diniz entender que não há como ser impositivo o tempo todo, ainda mais nessa temporada achatada e pós pandemia. Hoje, o Flu de Fernando não enxerga problemas quando precisa fechar com suas linhas no campo defensivo para não proporcionar espaço e profundidade ao adversário. Abaixo,um exemplo de evolução e treinamento. Diniz se valeu da saída de bola lateral contra o Athletico, visto que a saída de três não funcionou bem contra o Vila.
Cabe ressaltar que o equilíbrio não se vê somente no maior apego às questões defensivas, mas até mesmo nos propósitos ofensivos as coisas mudaram. Os volantes, por exemplo, não apostam só nos passes curtos, mas também se valem das bolas longas verticais para acionar Cano com mais velocidade. Agora, a aposta na posse não se limita ao risco de subir concentrado com passes curtos. O Fluminense também valoriza a bola longa para agredir e reter o jogo, o que ampliou as possibilidades de aproveitamento dos espaços. O perde-pressiona também ganhou equilíbrio. Nem sempre o time todo sobe rapidamente em torno da posse do adversário. Atualmente o bloco se mantém mais organizado no controle da profundidade enquanto alguns jogadores fazem uma pressão mais pontual. Todos esses aspectos citados, entre outros, explicam o motivo de muitos torcedores ainda procurarem no time tricolor aquele futebol do Dinizismo raiz. Ainda não o vimos em sua essência mais límpida.
Temos que louvar esse equilíbrio, mas o duelo contra os argentinos tem um enredo específico. A goleada sofrida para o Junior em Barranquilla e o empate com o Unión no Maracanã, resquícios indigestos do trabalho de Abel Braga, colocou o Tricolor contra a parede. Estamos diante do famoso “tudo ou nada” e viver o risco virou a chance de saborear o êxito. O ideal é vencer por mais de um gol de diferença, o que irá potencializar as chances de classificação. Nesse sentido, uma pitada do Diniz raiz não faria mal nenhum ao Fluminense. O adversário é organizado, joga em casa e tem suas virtudes, mas é inegável que o Flu tem mais qualidade técnica e todas as chances de vencer por vantagem superior a um gol. Abaixo, a prévia tática do duelo decisivo pela Sula. O Fluminense no 4-2-3-1, base tática usada por Diniz desde seu retorno, e o Unión no 4-4-2 com dois centroavantes para forçar a linha defensiva do Tricolor. Que o Flu suba as linhas. Precisamos suar no risco para repousar na glória. Salve o Tricolor!
Provável Fluminense:
Fábio; Yago, Nino, D. Braz e Pineida; Wellington, André, Ganso, Nathan e Luiz Henrique; Cano.