Oi, pessoal
Em entrevista concedida nessa semana à Rádio Globo, o presidente Peter disparou com sinceridade: “Quem mais trabalhou pelo clube sem nenhum objetivo pessoal, fui eu. Sem nenhum interesse transversal. Sempre trabalhei com muito afinco pelo Flu e sempre coloquei a minha posição individual em segundo plano.”
O que me chamou atenção e destaco para papear com vocês foi a expressão “interesse transversal”. Sem falar, mas já falando, o presidente tricolor afirmou contextualmente que há no nosso futebol dirigentes que administram com interesses “transversais” e “objetivos pessoais” – leia-se: ganhar dinheiro às custas do clube.
Verdade. Antes de continuar, apenas uma menção importante: não duvido de forma alguma que Peter, nessa questão, esteja sendo absolutamente verdadeiro. Acho que seu problema como administrador foi outro. Meu objetivo aqui é mesmo dividir com vocês o que, como tia de jovem jogador profissional que sou, tenho obtido de informações dos bastidores.
Não, não é só no Fluminense, mas em todos os clubes. Sim, e Peter, por mais que seja um homem honesto, não consegue filtrar nem impedir por completo: a relação de negócios comissionados entre agentes (vulgo investidores) e dirigentes.
Só para vocês terem uma ideia, vou mencionar uma conversa que participei com um ex-jogador, hoje agente. Dentre tantas, inclusive envolvendo clubes árabes, duas situações que chamaram atenção porque são retratam a realidade do dia-dia nos clubes brasileiros. Todos. Sem exceção.
Uma foi ele contando que estava com um jogador acertado com um clube grande do Rio (que não é o Fluminense), porque tinha boa relação com o técnico que se interessou pelo atleta. O diretor de futebol desse clube, então, acertou as bases salariais, mas o acerto dependeu de uma questão: ele, o diretor, receber R$ 1 milhão de reais pelo, digamos, “acerto”.
O agente não tinha essa quantia e também não pagaria por achar que seu atleta, um volante, mesmo na vitrine do futebol carioca, não daria esse retorno, ainda mais que o clube, instável, com histórico de constantes mudanças de treinador, poderia trocar a comissão técnica e seu jogador perder o espaço que o atual lhe garantiria.
Outra me espantou ainda mais: abertamente, outro agente mencionou que, se pagássemos R$ 150 mil reais, ele conseguiria pôr meu sobrinho num grande clube da Região Sul. O que rechaçamos, sem duvidar do poder de fazê-lo, porque ele mostrou exemplos de atletas dele que estão lá. Esse ainda falou que os jogadores, em regra, repassam boa porcentagem dos seus salários a eles. Dirigentes também participam.
Esse cenário de filme de bandido é a realidade em nossos clubes Brasil afora e explica inúmeras coisas inexplicáveis, incompreensíveis que vemos nos nossos times do coração. Agora eu lhe pergunto:
1 – Você acha que eu, uma “Maria Ninguém,” sabe disso, e os jornalistas profissionais de rádio, TV, internet, não sabem? Se sabem, por que eles criticam uns enquanto apoiam outros? Por que se passou a elogiar o jogador ruim de bola, mas raçudo? Por que se critica tanto a constante troca de técnicos? Por que essa quantidade de jogadores profissionais que mal sabem dar um passe vertical, um chute a gol, cabecear, nada?
Quem paga essa conta? O clube. Por isso, o endividamento milionário por questões trabalhistas por salários altíssimos e, claro, não pagos. Quem sofre a consequência? O torcedor. Vendo um futebol cada vez mais pobre e podre.
Não pense que seja só no Brasil. É geral. Só que aqui é mais grave porque os clubes estão com pires na mão. Por isso, eu só vejo uma saída para salvarmos nossos clubes, nossa paixão: algo que a Europa já faz e, agora, a Itália, após sofrer essas queda de qualidade e credibilidade brutais, também – virar clube empresa e vendê-lo para um desses milionários (Internazionale e Milan acabam de fazer).
Foi assim na Inglaterra. Foi assim na Alemanha. Os clubes europeus passaram por falência no pós-guerra e se resolveram dessa forma, sem perder o elo; pelo contrário, mantendo sua tradição e raíz por ganharem autonomia, caixa, tendo o poder de filtrar agentes e dirigentes de se prostam nos clubes por décadas (reparem como são os mesmos dos anos 1980, 1990 etc na maioria dos times brasileiros), o exagero das negociações de gosto muito duvidoso e de qualidade técnica nenhuma; enfim, a corrupção.
O nosso mercado tem 200 milhões de consumidores apaixonados por futebol e com tradição, no país pentacampeão do mundo. É atrativo e lucrativo. Mas os clubes são pessoas jurídicas sem fins lucrativos, funcionando ainda como clubes da esquina do século XIX. Ficam ainda à mercê da TV para ter receita e de todos outros os males por conta dessa dependência feudal.
Mas só o torcedor – como cidadão – pode pressionar para acelerar as mudanças nas leis. E só o torcedor de todos os clubes, nossos amores, referência e pele de nossas vidas. Nem mesmo poderemos contar com o quarto poder, a imprensa. Até lá, veremos essa blá, blá, blá da falta de dinheiro no cofre da Instituição e o pior de tudo: nossos times repletos de jogadores que mal sabem dar um chute na bola.
TOQUES RÁPIDOS
– Cícero e Gum reclamaram da torcida que vaia e cobra. É impressionante a falta de noção desses caras! Essa gente queria o quê? Jogam em que futebol? Em que clube brasileiro em ano eleitoral jogando um futebol ridículo há meses – para não falar anos – um jogador tem a desçafatez de reprimir qualquer pio de torcedor, mesmo que torcedor profissional? Muito sem noção esses jogadores, cara!
– Falando em Cícero… se tivesse metade da marra (atitude) em campo que tem para dar entrevistas, justificaria sua titularidade. Algo que não está acontecendo.
– Falando em Gum… Ei, guerreiro, desejo prontas melhoras ao seu filho.
– E aí, Levir? Nem você aguentou a ruindade do meio-campo do time, setor fundamental que determina se um time encaixará ou não. No último jogo, vi dois centroavantes e dois pontas – Richarlison, Samuel, Marcos Jr e Maranhão. Como diz aquele apresentador: loucura, loucura, loucura.
– Em foto postada pelo repórter Edgar Maciel de Sá, do Globo Esporte, o gramado de Edson Passos está tinindo! Falta só a bola não atrapalhar os jogadores que a torcida volta a comparecer e para de vaiar.
Fraternalmente.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @CrysBrunoFlu
Imagem: rub
Simplesmente PERFEITO. Acho muita cara de pau dos jornalistas esportivos não falarem disto às claras. Parabéns CRYS ! E espero que seu sobrinho tenha sucesso pela bola que joga, como era “antigamente “. ST.
A verdade é que circula muita grana no futebol. Suficiente para abastecer uma ampla rede de interesses e harmonizá-las ( no pior sentido ).
Isso está impregnado em nossa cultura, não é só no futebol. Quem combate vira alvo.
ST
Otima apreciaçao do nosso futebol.
Nao espere nada dos nossos “jornalistas” pois o mesmo jabá dos “agentes” e “diretores” eles recebem tambem.
Quanto ao Levir, devia fazer menos piadas e treinar mais o time.
ST
Aplausos!!!!
Cicero deveria jogar paciência, futebol é pra quem tem sangue nas veias. Gosto muito das entrevistas dele, sempre bem apessoado, parece que saiu do barbeiro e não de um jogo profissional de futebol.
Domingo tem Giulitão…rs
ST