A chance que resta ao Flu (por João Leonardo Medeiros)

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Advertência preliminar: se você se contenta com o título da Primeira Liga, por favor não leia o restante da coluna.

Júlio César, Dedimar, Gabriel e Alex; Da Guia, Dirceu, Ramalho, Élvis e Romerito; Sandro Gaúcho e Osmar.

Rafael, Lucas, Dema, Réver e Julinho; Fábio Gomes, Cristian, Juliano e Márcio Mossoró; Léo e André Leone.

Essas são, respectivamente, as escalações do grande campeão da Copa do Brasil de 2004, o Santo André, e de 2005, o Paulista de Jundiaí. Como todos lembram, o Santo André venceu ninguém menos do que o Flamengo, dentro do Maracanã, e o Paulista nos tirou a taça com o empate sem gols em São Januário.

Tirando Cristian e Réver, ambos do Paulista, o resto se perdeu na longa estrada do futebol profissional. Os times eram formados por jogadores que vieram do nada e seguiram para o nada. Ninguém apostaria um tostão neles no início do campeonato.

Quarta-feira, temos uma partida decisiva contra o Corinthians. Nosso time está longe de ter o nível esperado para o Fluminense. Os reservas são, para dizê-lo com toda sinceridade, ridículos. O técnico está desejoso por jogar o boné há tempos e trabalha nitidamente de má vontade, em que se pese o polpudo salário que recebe. Mas a parada não está decidida, não estamos derrotados por antecipação.

Se o Santo André e o Paulista de Jundiaí conseguiram vencer a Copa do Brasil com aqueles times ridículos, por que o gigante Fluminense não poderia repetir o feito? A nosso favor temos nós mesmos, o Fluminense, nossa camisa histórica, nossa tradição de reverter situações consideradas impossíveis (ou realmente impossíveis).

É hoje razoavelmente claro para todo mundo que a gente não vai arrumar grandes coisas no Brasileirão. Um campeonato de 38 rodadas é cruel com times ruins e, com o time que temos, dificilmente faríamos alguma coisa melhor que não passar uma vergonha completa. O título é impossível e será uma façanha obter a classificação para a Libertadores, embora seja verdade que estejamos hoje bem próximos da pontuação de corte do G4. De todo modo, um clube como o Fluminense não pode se contentar em entrar num campeonato apenas para se classificar para outro. Nossa meta tem de ser sempre o título.

Acontece que, em termos de título, nossas fichas estão reduzidas à Copa do Brasil, embora também em situação complicada. Empatamos em casa e, como se não bastasse, tomamos um gol. O adversário é o Corinthians, sempre forte em Itaquera, apesar do momento confuso. O time deles também é ruim, o técnico acabou de cair, mas jogam em casa e fizeram um bom resultado fora.

Que alternativa nos restou senão torcer por um triunfo tricolor como se nossa vida dependesse disso? Que tal esquecer por 90 minutos a tragédia da gestão do nosso futebol? Que tal apoiar como se nosso técnico fosse o Telê, como se o presidente fosse Manoel Schwartz, como se os jogadores fossem nossa seleção histórica, de Castilho a Fred?

Em 2008, a torcida do Fluminense lançou o grito “Ô ÔÔ ÔÔÔÔÔÔ, Eu acredito”, que hoje muitos associam ao Galo Mineiro. Acho que a gente deveria reeditar esse canto agora, como uma espécie de alerta místico sobre a possibilidade concreta de classificação e título. Basta um pombo sem asa, uma falta batida pelo Scarpa, basta uma jogada improvável do Magno e entramos de novo na disputa.

Precisamos salvar o ano e, como disse, a Copa do Brasil é a nossa chance. Se o jogo acabar e a gente tiver sido derrotado, retomamos a necessária reflexão crítica sobre as causas que produziram a trágica situação atual. Se nos classificarmos, precisaremos renovar os votos por mais algumas semanas, para tentar, com nossa força, fazer o que os jogadores e o técnico não conseguiriam fazer por si mesmos. O momento agora é de torcer como se o Fluminense se resumisse a 90 minutos e aproveitar a chance que resta.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: jole