Semana que vem começa um novo Campeonato Brasileiro e as esperanças sempre se renovam. Entretanto, o campeonato que se apresenta para nós não parece dar subsídios para mais do que esperanças mesmo.

Qualquer time que entre no campeonato – é claro – gostaria de vencê-lo e sonhar com isso sempre é possível: “no campo são sempre onze contra onze”. Mas, sempre cabe aos comentaristas buscar as análises dentro da realidade que observam. E isso nos leva para um patamar distante daquele que, como torcedor, gostaríamos de estar.
O Campeonato Brasileiro pode ser entendido por grupos de clubes, prevendo-se o que eles podem disputar dentro da competição. Assim, podemos colocar um grupo que disputa o título; um segundo escalão, que aspira a uma vaga na Libertadores.

O terceiro grupo é aquele que está fazendo figuração no campeonato: ali pelo meio, sem grandes pretensões. Se embala uma sequência de vitórias, pode transformar-se em azarão para a Libertadores, se tropeça seguidamente, periga entrar na zona de rebaixamento. O último grupo inclui os clubes que já entraram no campeonato pensando que uma grande vitória é manter-se nele.

Minha opinião aponta para Atlético Mineiro, Corinthians e Internacional como favoritos ao título. Isso por conta de que esses clubes possuem um elenco equilibrado, com boas opções, treinadores que estão imprimindo seu pensamento tático nas equipes, parecem-me organizados dentro e fora de campo, além de contarem com boa estrutura e apoio da torcida.
O segundo grupo compõe-se de Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras, Santos e São Paulo. São clubes que se organizaram ao longo dos últimos anos ou, pelo menos, no último ano e renovaram seus elencos, mas que estão dando resultados até agora. Desse grupo, talvez o São Paulo não esteja no mesmo nível dos outros, nem rendendo tão bem, mas ainda acredito que tenha um elenco respeitável e com boas opções para encarar um campeonato longo.

Na água de salsicha, estamos boiando junto a Atlético Paranaense, Coritiba, Flamengo, Goiás e Vasco. Nenhum desses elencos tem condições de – racionalmente – brigar pelo título, mas podem – em alguns casos por conta de um bom time titular – dar uma embalada e complicar. Os elencos no geral são limitados e sem opções, prometendo mais sustos que alegrias.

O Flu se enquadra aí por conta de ter um time titular que pode brilhar, com algumas peças que podem fazer a diferença, com Fred, Wagner ou Jean, ainda que esses últimos não venham apresentando nada que permita depositar muitas esperanças em um bom futebol. Além disso, a garotada tem bons valores e vai depender de como vão encarar os jogos. Esperamos que com personalidade e vontade.

Ainda temos problemas crônicos na zaga e não temos um banco que possa repor minimamente a perda de quaisquer titulares. Pesa ainda contra nós a pouca expressão de nosso treinador e a desconfiança da própria torcida em sua capacidade de montar um esquema que faça esse time render. Uma sequência de vitórias nos empolgará e a torcida pode ajudar a dar liga. Dois ou três tropeços acenderá luzes amarelas e o terror da briga na parte de baixo da tabela.

Brigando lá embaixo, Avaí, Chapecoense, Figueirense, Joinvile, Ponte Preta e Sport sabem que o desafio que lhes aguarda, o que pode ser um ponto positivo, como já visto com a Chapecoense, o Figueirense e o Sport, que fizeram boas campanhas no ano passado.
Pesa contra eles a própria camisa e, em alguns casos, a reformulação de elencos para a disputa da série A com muitas apostas e perdas de jogadores importantes para equipes centrais. Ainda assim, não será fácil derrotá-los, pois muitos têm em seus estádios e torcidas um ponto favorável que transforma campos em caldeirões. Ainda assim, não acho que veremos tanta surpresa na briga da parte de baixo.

Queiram os deuses do futebol que eu esteja errado e que o Flu possa sair vencedor do certame. Mas, eu, como homem de pouca fé, vislumbro dias difíceis. E, por isso, o apoio do torcedor vai ser essencial. Que o Fluminense faça das minhas expectativas o que faz com a matemática e, no final, que comemoremos o penta.

Panorama Tricolor

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