A apoteose dos campeões de 1980 (por Paulo-Roberto Andel)

Parece que foi ontem, mas o último time campeão que o Fluminense teve praticamente todo formado na base comemora hoje 39 anos.

Paulo Goulart, Edevaldo, Tadeu, Edinho e Rubens Galaxe; Deley, Gilberto e Mário; Robertinho, Cláudio Adão e Zezé. Uma escalação inesquecível para os tricolores com 50 anos de idade ou mais.

Time formado por falta de recursos em tempos de crise, com a ascensão de juniores e ex-reservas. De contratados, apenas Cláudio Adão e Gilberto.

Rapidamente o que era dúvida virou certeza. A goleada sobre o Botafogo, a virada sobre o Vasco e o empate com o Flamengo mostraram que o Fluminense iria mais longe – todos os três tinham times fortes. Quase sempre jogando todo de branco, o Flu se credenciou para a final do primeiro turno, conquistando-o depois de 4 a 1 nos pênaltis.

Depois de um segundo turno opaco, veio a surpresa: Flamengo eliminado com o eterno gol de Anapolina, Vasco campeão do segundo turno e veio a grande final.

Num domingo de chuva, os dois clubes decidiram o Carioca. Aos 22 minutos do segundo tempo, Edinho cobrou falta, Mazzaropi bateu roupa, a bola molhada tocou na trave e entrou. O gol solitário premiou o melhor time do Rio naquele ano.

Comandado por Nelsinho, o Fluminense era uma maquininha de jogar bola: a zaga era impecável – Edinho era o melhor zagueiro do Brasil, o meio de campo era impecável e ninguém segurava o ataque. Cláudio Adão não ficou duas temporadas inteiras no clube, mas está entre as melhores médias de artilharia entre os jogadores que fizeram mais de 50 gols – e se tivesse jogado por seis ou sete anos, teria feito 300 gols. Este maravilhoso time não duraria mais do que dois anos, mas logo depois teria um sucessor à altura: o timaço de 1983.

Edevaldo, Edinho, Deley, Mário, Robertinho, Cláudio Adão e Zezé passaram pela Seleção. Paulo Goulart pegou pênaltis espetaculares. Nelsinho foi um craque à beira do gramado. Edinho foi o monstro dos monstros, um gigante, um líder. A torcida era linda demais e cada jogo no Maracanã tinha uma espessa nuvem de pó de arroz. O único pesar foi justamente a morte de Cartola, orgulho do clube e da música brasileira, ter acontecido justamente no dia do título, mas até nisso a conquista foi especial: serviu de réquiem para o sambista maior.

Quase quarenta anos depois, a mocidade independente do Fluminense ainda ecoa no peito de muitos corações tricolores adultos. Foi a redenção do Flu depois da Máquina. Agora, se o ano tricolor de 1980 tivesse o nome de um único jogador, não há dúvidas: seria Edinho.

Panorama Tricolor

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