Está criado o “problema”. Thiago Neves se machucou e foi para o estaleiro. No seu lugar foi escalado um rapaz, que já entrara outras vezes no time e não se houvera bem. No entanto, aos poucos, foi se ambientando e não passava despercebido o tanto que corria.

Inicialmente, foi atrapalhado pela necessidade de fazer um gol para acabar com uma estatística repetida à exaustão de nossa paciência. Depois de os números terem sidos derrotados, o valor com que deixava cada gota de suor na camisa passou a ser reconhecido e aplaudido pela torcida. Aos finais dos jogos, não há um só fiapo de grama que não tenha sido pisado por ele. Já fez outro gol e a cansativa lembrança dos tais 80 jogos sem balançar as redes já não faz mais sucesso. Foi substituída pela garra, pela entrega, pela onipresença em campo. Pra mim, que assisto aos jogos pela TV, acredite, não há uma só tomada em que ele não esteja lá. Na direita, na esquerda, no meio, na frente, na defesa, as câmeras sempre registram a camisa 22.

Li vários comentários de que não tinha condições técnicas para fazer parte desse time. Como é que é? Li correto? Não estou entendo. Ora, o Bruno é craque? Ele é inferior ao Gum? Leandro Euzébio? Carlinhos? O que dizer do Edinho? Sou até ousado em perguntar: no momento atual, Wellington Nem, nossa maior revelação, está jogando mais do que ele? Quem é mais produtivo: ele ou Sóbis?

Não estamos falando de nenhum Pelé ou Neymar, longe disso, aliás, muito longe disso, mas de alguém que não mede esforços para ganhar a bola e arrancar, à custa de muita energia, a vitória do seu time. E ao final de cada jogo, o saldo tem sido positivo.

Domingo, ouvi o cara da TV comentar: às vezes, a sintonia de um determinado jogador com a torcida é inexplicável. Se não foi isso, arredondando, foi quase isso o que ele disse. É difícil entender esse processo da torcida do Fluminense para com o Rhayner? Caramba! Não está claro? Não é óbvio o porquê da satisfação com esse jogador? É difícil analisar o futebol, e outras coisas também, quando só se vê o tudo e o nada. Uma torcida exalta um jogador, não somente quando se trata de craque. Vários se transformam, inclusive, em ídolos, não sendo o melhor jogador do time. Às vezes, nem chegam perto disso e, mais do que ninguém, o torcedor sabe reconhecer quem dá valor à camisa que enverga. Ainda mais quando essa dedicação descomunal é revestida de jogadas úteis para construção de resultados positivos. Ao contrário do que muito se leu por aí, o Rhayner não sabe somente correr.

Thiago Neves está voltando. Quem vai para o jogo? Se Rhayner se mantiver em campo, que reforço o banco de Abel ganhará! Se o técnico optar pela volta de Thiago Neves, além de ter a opção para várias situações de jogo, Rhayner será uma implacável sombra, porque qualquer erro do camisa 10 terá, por parte da torcida, a mesma consequência de quando um pai reage à injustiça contra o próprio filho.

E agora, Abel? Era tudo que você queria e torço para que tenha serenidade e clarividência para fazer a melhor opção em cada momento nessa caminhada tricolor rumo aos objetivos maiores.

Mudando de assunto, mas nem tanto, o Campeonato Carioca teve uma reviravolta na última rodada da Taça Rio. Quando já se pensava no Botafogo, as semifinais definiram ao Fluminense enfrentar o Volta Redonda. Muitos torciam para que isso acontecesse, em vez de enfrentar o alvinegro. Tanto faz. De qualquer forma, para chegar às finais, será preciso passar pelo Botafogo.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Revisão preliminar: Rosa Jácome