Eficiência (por Mauro Jácome)

Seria de extrema injustiça se o resultado não fosse a vitória tricolor. O time colocou a bola no chão, trabalhou-a, trocou passes e teve boa movimentação. Criou chances claras de gol. Wagner, duas vezes, Gum e TN10 (que bela surpresa o retorno da camisa 10 nele) perderam oportunidades incríveis.

O jogo começou com o Fluminense dormindo, para variar. O time adora entrar sonolento e tomar um sufoco inicial quando joga em casa. Depois de um ou dois sustos, se liga. O domínio territorial e de posse de bola do Sport durou até os 20 minutos. O time pernambucano começou o jogo com a marcação bem adiantada, pressionando, inclusive, a saída de bola.

Valência, substituto de Edinho, demorou um pouco para se achar em campo. Com o colombiano integrado, o Fluminense tomou o comando do jogo, empurrou o Sport para o seu campo e foi para a área de Magrão. Pressionou, pressionou… O gol esteve madurinho, mas não saiu. Nos últimos quinze minutos, os ataques revezavam-se pelas duas laterais. Wallace e Carlinhos/Wagner exploravam os lados do campo e colocavam bolas perigosas, mas não havia a conclusão. Fred fez falta. Tivesse em campo, certamente, o placar não iria em branco para o intervalo.

O segundo tempo começa com duas chances de gol, uma de cada lado. Magrão e Cavallieri salvam. TN10 subiu de produção e se aproximou de Wagner e Diguinho. Com trocas de passes, o Fluminense formou um cinturão na intermediária rubro-negra e martelou, martelou, martelou. Tentava pelo meio e pela esquerda. Na direita, com a saída de Wallace, o time não foi efetivo; Jean não teve a mesma desenvoltura do primeiro tempo, quando atuou muito bem pelo meio.

O período dos 30 aos 40 minutos foi de fortes emoções. Começou com Gum perdendo um gol na cara de Magrão, que defendeu com os pés. Aos 34 e meio, Tóbi foi expulso. Aos 38, Samuel colocou a bola para dentro. Enfim, o gol que premiou o bom jogo do Fluminense.

No geral, o time foi bem. A ausência de Fred complicou a última bola. O time criava, mas na hora de achar alguém na área, faltava o artilheiro. Mas gostei da bola no chão. Lances aéreos existiram, mas não foi a tônica do jogo. No entanto, dois “poréns” – o começo e o fim do jogo – quando o Fluminense foi envolvido. Nos últimos 10 minutos, o espaço dado ao Sport foi incompreensível. Com um a mais e o placar a favor, era momento de segurar a bola, trocar passes, mas o time rifava a bola e o Sport pressionava e conseguia levar perigo.

No próximo fim de semana, contra o Vasco, e dependendo dos outros resultados desta rodada, pode ser um jogo de muitas emoções.

As atuações

Cavalieri – duas defesas importantes. A do segundo tempo, aos 8’, foi fundamental. Além de muito difícil, de muito reflexo, impediu que o time tivesse que correr atrás do placar quase um tempo inteiro. Cavallieri está numa fase exuberante e tenho escutado muitos comentários pedindo-o na Seleção.

Wallace – começou o jogo trombando com o lateral do Sport. Um choque totalmente desnecessário. Não precisava ir numa bola que era muito mais do adversário. Depois do incidente, errou alguns passes, parecia inseguro. Acalmou-se e criou bons lances de ataque. Precisa de mais confiança no seu arranque. Por outro lado, o Abel tem que dar alguma atenção na saída de bola pelo seu lado, pois erra muitos passes. Muitas vezes, de posse da bola, ainda no campo do Fluminense, apavora-se e se desfaz da bola precipitadamente, colocando a defesa em risco.

Gum e Leandro Euzébio – tiveram atuações similares. Algumas dificuldades no começo do jogo, quando o Valência ainda se achava em campo, mas depois levaram ampla vantagem sobre o ataque do Sport. No único momento de desatenção, Cavallieri salvou gol certo. No ataque, nas bolas aéreas, tiveram boa participação, principalmente Gum, que perdeu um gol incrível. É a melhor zaga do Fluminense, até que algum garoto da base possa mostrar algo superior.

Carlinhos – bom jogo. Fez com Wagner uma dupla que envolveu o velho e cansado Cicinho. No primeiro tempo, seus cruzamentos não encontraram os jogadores do Fluminense. No segundo, cansou e revezou com o Wagner na lateral. Um ia, o outro ficava. E foi em uma de suas subidas que saiu o cruzamento para o gol de Samuel. Depois de fase ruim na Libertadores, vai, aos poucos, pegando mais confiança. Talvez, um gol faça com que deslanche e volte a ser aquele lateral ousado e fundamental nas bolas de linha de fundo.

Valência – começou sem achar seu espaço. Depois dos quinze minutos do primeiro tempo, dominou seu pedaço. É um cabeça-de-área que tem grande raio de ação, ao contrário do Edinho, que, sistematicamente, é envolvido em trocas rápidas de passes do adversário. Além de bom poder de marcação, compõe com Gum e Leandro Euzébio, um trio de zagueiros quando a bola está pelos lados do campo. Na metade do segundo tempo, sentiu o tempo em que esteve parado.

Jean – belo primeiro tempo. Todas as bolas passavam pelos seus pés. Não é o tipo de cabeça-de-área que só toca para o lado. Volta para receber da zaga, avança com a bola dominada, dribla em velocidade, lança, chega na intermediária, distribui o jogo. Cresce a cada dia. Deslocado para a lateral, perdeu o brilho. Além de não ser um bom lateral, deixou espaços para o Sport cair pelas suas costas. É hoje titular absoluto.

Wagner – acho que foi sua melhor partida pelo Fluminense. Com grande movimentação, participou muito do jogo. Ocupou o meio e a esquerda. Às vezes, procurava se aproximar do Thiago Neves para a troca de passes; às vezes, fazia o 2-1 com o Carlinhos. É um jogador que dá muita velocidade na bola: não prende, toca e sai para receber. Perdeu um gol incrível.

TN10 – finalmente vestiu a camisa que lhe é de direito e, coincidência ou não, melhorou. Ainda não foi o TN que a torcida quer, mas foi participativo. Vários lances de perigo ao gol de Magrão saíram de seus pés. No segundo tempo, procurou o lado esquerdo, principalmente, depois da saída de Cicinho e da expulsão do Tóbi.

Sóbis – não gostei. Disperso, errou passes fáceis, além de pouco participativo. O pior do time.

Samuel – gostei e não gostei. Tal qual o Wallace, precisa de atenção, só que em relação ao seu posicionamento. Já que o Fluminense gosta muito de fazer a ligação direta, precisa treinar o tempo de bola para disputar com a zaga adversária. Inclusive, o elenco tem o “mestre-dos-mestres” nesse tipo de jogada: Fred. Dos 98 minutos do jogo, ficou 97 minutos e 59 segundos perdido no meio da defesa do Sport, mas, num único lance, decidiu o jogo. Foi um belo gol, num toque sutil, de muita categoria.

Diguinho – dá um ritmo diferente ao jogo. Defensivamente, comete muitas faltas perigosas. Várias delas, desnecessárias. Na armação, distribui o jogo e faz a bola rodar. Numa dessas subidas, colocou o TN10 na cara do gol, mas a bandeirinha errou e marcou um impedimento inexistente.

Michael – entrou com vontade. A bola rondou algumas vezes por onde estava, mas não deu sorte para cair uma à feição. Gostei da sua inclusão entre os profissionais. Acho-o mais qualificado do que o Matheus Carvalho.

Higor – tem futuro. Visão de jogo, sabe defender, armar, concluir. É um meia que deve ser bem trabalhado para assumir a organização de jogo do Fluminense nos próximos anos.

Abel – foi muito feliz em colocar o Valência, mantendo o Jean como segundo volante e não alterando a estrutura do time. Infelizmente, o Wallace se machucou e foi obrigado a deslocar o Jean para a lateral. O time colocou a bola no chão e, com isso, criou boas oportunidades. Também, vem ambientando a garotada: Wallace, Wellington, Rafinha, Fernando, Higor, Samuel, Marcos Júnior, Matheus Carvalho, Michael, Wellington Nem. Quase um time.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor/ Flu News

Revisão: Rosa Jácome

Foto: gazetaesportiva.net

Contato: Vitor Franklin

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