Carregando o piano (por Rods)

 

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Passa o piano pra mim!

Observando com muito cuidado os últimos jogos do Flu no Carioca desconfiei que estivesse acontecendo certa transformação no elenco tricolor. Após o jogo contra o Grêmio, a desconfiança virou certeza. Os jogadores do Fluminense estão aprendendo – ou reaprendendo – a carregar piano. Para quem não está familiarizado ao termo, eu explico: em geral, o “carregador de piano” é aquele jogador que parece estar no campo inteiro, aquele que corre, que luta, que toma a bola, que abre o espaço, que faz a jogada e às vezes até o gol. Enfim, o piano é o time nas costas. Para ilustrar a imagem, basta lembrar o Conca de vários jogos entre 2009 e 2010.

Eu falo em aprender ou reaprender por causa do efeito que 2012 teve no nosso início de temporada. Foi um ano excepcional, onde tudo deu certo, às vezes até automaticamente. Isso tornou o Flu de 2013 relaxado. Afinal, se dá tudo certo, para que se esforçar? Então quase todos passaram a se achar grandes pianistas (entendam que não estou debochando ou desmerecendo o esforço e o talento necessários à profissão) e que a música do futebol fluiria de seus dedos ou, no caso, dos seus pés. Porém e por bem, alguns jogadores não aceitaram aquela posição e, em minha opinião, foram os grandes catalizadores da transformação que citei.

Darei nome a três dos bons bois:

Rhayner

O rapaz que ficou mais de dois anos sem fazer gol é o exemplo em pessoa. Suas declarações mostram que ele é simples, mas não simplório. Não é lá muito habilidoso, mas se possível sangraria pelo time. Hoje não importa quantos craques existam no time. Ele precisa estar em campo. Ele desgasta os adversários e é em quem os companheiros devem se espelhar.

Wagner

Ano passado não mostrou a que veio e percebeu que para conquistar a torcida e seu lugar no time, precisava se esforçar mais. Ele ainda não mostrou todo seu futebol de outrora, mas dá tudo de si em campo e voltou a acertar as jogadas. Peça essencial no time.

Rafael Sóbis

Sim, Rafael Sóbis. Dele eu confesso que já não espero ver bom futebol. Provavelmente você também não. Mas é um cara que trabalha duro e que não reclama de situação alguma. Apesar de pouco produtivo na maioria das vezes, é tão esforçado que às vezes recebe uma benção, como o gol contra o Resende. É mais um que serve de exemplo. Há pouco nem banco estava pegando, mas quarta-feira correu em campo pela Libertadores.

Deixarei para vocês a tarefa de refletir e pensar em mais nomes. Pode ter certeza que existem. À propósito esse é o comportamento que eu espero do Thiago Neves assim que voltar. Caso contrário, talvez ele não encontre mais seu lugar nas Laranjeiras. Não posso deixar de citar o Deco. Sim, apesar de lesionado novamente, talvez tenha sido ele o que mais aprendeu com os carregadores de piano. Ele não era um pianista, ele era o maestro. Aquele que estaria além dos pianistas. E ainda assim, com todo o seu status, quando voltou da sua lesão anterior, não se aborreceu e nem criou problema em ficar no banco. A cada partida que teve oportunidade entrou com muita garra e vontade.

Por fim, hoje estou certo que vejo um Fluminense composto por carregadores de piano – que também podem ser chamados verdadeiramente de guerreiros – e isso não tem como me deixar ainda mais feliz, pois agora sei que voltamos a ser favoritos a vencer tudo o que disputarmos.

ST!

Nos acréscimos:

– Já começaram a falar na saída do Jean e semana passada falaram na aposentadoria do Deco. Há apenas uma grande verdade: tudo isso depende do que acontecer com o Fluminense na Libertadores. Simples assim.

– Simplesmente ridículo o Grêmio querer discutir arbitragem.

Rodrigo César, o Rods

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @Rods_C

3 Comments

  1. Creio que o futebol do Edinho voltou a aparecer pois ele já não fica sobrecarregado como nos jogos em que o Deco está no campo, ainda mais que o Rhayner ajuda muito na marcação do meio. Com a volta do Nem e Fred e saída do Sóbis e Michael, acho que encontraremos o time ideal. Sds Tricolores…

  2. Acredito que vc disse tudo e acrescento a doação também do Edinho, e acho que a saída de Fred e outras estrelas deixou o time mais combativo contra o Grêmio, o que não aconteceu no primeiro jogo.

    1. Rods comenta:

      Sim Marcio, concordo contigo. Edinho já estava sendo vaiado nos jogos, mas não desistiu e voltou a ser extremamente combativo e também a distribuir seus passes de três dedos.

      Eu sou adepto da teoria que o time sem craques é mais esforçado e solidário. Mas é claro que não dispensaria nunca o Fred. O problema não é nem o artilheiro em si, observando que ele é a nossa principal defesa em escanteios, mas sim o comportamento do time quando ele está em campo. Acho possível juntar as duas coisas. Basta querer.

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