A gênese das torcedoras (por Osmar Lage)

Nas duas primeiras décadas do século XX, assistir a jogos de futebol na arquibancada do campo da Rua Guanabara, sede do Fluminense Football Club, era um programa de requinte e sofisticação.

Homens se vestiam com chapéus e ternos de fino corte, de tecidos importados, além de bengalas e cintilantes sapatos muito bem engraxados. Henrique Coelho Netto, pai de Mano e Preguinho, era um deles. Intelectual, nascido no Maranhão, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, não perdia jogo do seu Fluminense. Foi um dos primeiros autores brasileiros a exaltar o futebol em suas crônicas.

Assim como os homens, as mulheres também marcavam presença na arquibancada, elegantemente trajadas em vestidos longos, chapéus estilizados, sombrinhas, leques e… finas luvas.

Henrique, então, começou a observar que, nos lances de tensão e perigo a favor ou contra o Fluminense, as mulheres torciam suas luvas, já não mais vestidas nas mãos, para tentar aliviar o natural nervosismo característico daqueles momentos. Daí, criou o termo “torcedor de futebol” em seu textos, aplicado também aos homens mas claramente inspirado nas mulheres.

Mais que louvar somente um dentre os tantos pioneirismos de nosso clube (quase nunca lembrados pela grande mídia), a passagem do Dia Internacional da Mulher, no penúltimo sábado, 8 de março, marca a essência e a participação lógica, cada vez mais crescente, do público feminino no futebol. Não mais somente como torcedoras mas jornalistas, cronistas, influenciadoras, comentaristas e narradoras, inclusive de outros esportes.

E, sem dúvida, o futebol feminino cresce a passos largos. No mundo, sobretudo Europa e EUA, já há mais tempo e o Brasil evolui de maneira consistente. Em breve, uma medalha de ouro olímpica vai chegar, assim como uma Copa do Mundo (em 2027, será aqui).

E o Fluminense? Começamos a conquistar bons resultados nos âmbitos nacional e estadual, inclusive nas divisões de base, mesmo ainda com orçamento enxuto mas nossas meninas esbanjam determinação e vontade de vencer. Exatamente o que falta, por muitas vezes, no masculino e seus salários mirabolantes.

Parabéns a todas as mulheres do Fluminense FC. Atletas e torcedoras, do passado e do presente, que construíram e seguem construindo, cada vez mais, a vocação para a eternidade de nosso clube. Neste domingo teremos mais uma oportunidade, com a grande decisão do Carioca 2025.

Ah, novidade literária em breve! Futebol na veia.

Saudações Tricolores.

1 Comments

  1. Grande Osmar, futebol Brasileiro parou no tempo e tudo que envolve o futebol esta carente de qualidade, desde a empobrecida mídia as categorias de base que levam os garotos ao profissional muito mal preparados, materias igual a esta sua são cada vez mais raras!

    Parabéns Osmar!

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