O futebol tem uma tolerância enorme com vagabundos.
Obviamente, não o esporte por si só, mas os responsáveis por comandar a modalidade em todo o planeta.
A Fifa, por exemplo, tolera Copas do Mundo em países que cometem crimes flagrantes contra direitos humanos, mas exclui a seleção da Rússia da Copa, porque seu país está em guerra, sem punir os outros tantos países que praticam genocídio contra dezenas de povos.
E não, não estou aqui advogando pela Rússia, mas tenho de dizer isso, porque infelizmente, junto com bons leitores vêm os leitores mal intencionados, que fingem não entender a intenção de um texto antes mesmo de chegar ao final.
A intenção aqui, é demonstrar o quanto certos tipos de absurdos têm se tornado comuns e aceitáveis quando estão envolvidos ao mundo do futebol.
O último deles foi o caso de racismo sofrido por dois jogadores do Palmeiras durante a Libertadores Sub 20, disputada no Paraguai, país sede da Conmebol.
É fato consumado que a Confederação deve fazer o maior discurso mas não deve praticar nenhuma punição concreta contra os agressores.
No Paraguai e no resto da América Latina, a legislação dos países não é nem de perto parecida com a brasileira, onde crimes de injúria racial são passíveis de punição criminal. Portanto, os torcedores que imitaram macacos e cuspiram em um dos jogadores brasileiros não sofrerão nem mesmo uma represália. Pelo contrário, correm o risco de se tornarem heróis locais com a exposição televisiva.
Sobra então a instituição que comanda o futebol no continente tomar alguma atitude. O ideal seria afastar o clube Cerro Porteño das competições organizadas por ela.
Mas eu pergunto: sediada no Paraguai, a Conmebol teria coragem de afastar um time local de suas competições?
E vou além: com toda certeza surgiria em todo o continente, incluindo o Brasil, defensores da tese de que o clube não tem culpa, que puni-lo seria desproporcional.
Sem paciência para tentar fazer essa gente entender que, ou colocamos freio no futebol, ou abandonamos de uma vez toda ética e moral, e voltemos aos tempos das arenas de gladiadores romanos, e que vença o melhor, o mais macho e o mais branco.
Outra alternativa, talvez, seria punir o jogador do Palmeiras Luighi, não é mesmo? Onde já se viu fazer mimimi por causa de ofensas racistas e uma cusparada… Há quem diga que deveríamos voltar ao futebol raíz das lutas campais nas arquibancadas, das brigas agendadas no entorno dos estádios e mesmo quando o narcotráfico bania não só do gramado, mas da existência, jogadores que não performavam. Xingar é do jogo, e ofensa de campo, fica dentro de campo, e tá tudo bem…
Luighi teve falta de fair play ao questionar os jornalistas por terem ignorado o ataque sofrido por ele. Deveria ter sido profissional e respondido somente o que era questionado e não ficar militando por questões menores, não é mesmo?
Chega. Basta!
Não dá mais para se tolerar isso. Ou o futebol dá um fim a esse tipo de absurdo nojento, ou o futebol precisa acabar. O exagero não é meramente retórico, é proposital. Pois, ao menos da minha parte, chega de ver gente ficando bilionária explorando um negócio que desumaniza pessoas por onde passa.
Sei que o futebol é uma paixão, mas paixão também mata se não houver um mínimo de amor.
Perdoem-me pelo desabafo, principalmente em uma página dedicada ao Tricolor.
No mais, vamos que vamos para cima do Volta Redonda, e que vençamos no gramado, sem violência, sem racismo, sem ódio.
Até mais.