Em mais um jogo estrambólico do Campeonato Carioca, o Fluminense que precisa e muito reagir na competição, fez sua estreia no Maracanã neste ano, em horário nada convencional, vinte e uma horas, a famosa nove da noite de um domingo nem lá nem cá.
Não honrei com os amigos que lá foram, de Oeste, sob as cabines de imprensa, pois uma gripe ‘sengrana’* me pegou de jeito, me turvando a visão e deixando minha cabeça embotada, pesada, assim como o ataque do Fluminense, ainda mais agora que Kauã Elias se vai para garantir os dinheirinhos para a gestão poder honrar compromissos com as contratações de caráter duvidoso e um gosto que nem existe.
Queria acreditar no que os comentaristas da televisão creem, de que o Fluminense está apenas deixando o tempo passar nesse semestre pois, segundo eles, o meu Fluminense vai disputar coisas grandes este ano. E falam com ar professoral, quase ‘deidático’. Mas não posso me dar a este luxo, pois além de observar padrões, já não caio na falácia acrítica que versa para o simples entretenimento.
Primeiro tempo agitado, o Fluminense criou chances em profusão. Mas Keno ou algum outro ectoplasma vestindo a camisola tricolor desperdiçou chances, tal qual o Brasil de virar um país justo e desenvolvido. E podemos perder tanto tempo?
Os poucos mais de oito mil torcedores vaiaram ao final da primeira etapa, em um ritual normal do nosso futebol quando o que se vê não alegra ou alimenta o âmago ou nos faz distrair das pilhas de problemas que se acumulam sobre nossas carcundas.
Na volta ao segundo tempo, Mano Menezes enfim resolveu dar minutagem para Riquelme, mesmo que na vaga de Isaque, e o time se animou, na base do abafa não parou de pressionar o gol da equipe de Saquarema. Mas quem marcou primeiro foi ele, Marcos Paulo, jogador ex-Xerém que parece viver um inferno astral após assinar aquele bendito pré-contrato com os Colchoneros de Madrid, fazendo um a zero Boavista, para testemunho às cegas de tanta gente querida, mas também enepecê que vive por aí.
A nossa zaga do Peru não conseguiu acompanhar o meia-atacante luso-brasileiro, que saiu comemorando com cara de deboche; fanfarrão que só.
Após o gol do rapazola odiado por noventa e nove por cento da torcida do Mário, digo, do Flu, a tensão e o nervosismo que eram mais evidentes nas bancadas, atrás das telas e no banco de reservas, entraram de vez e ficou flagrante em campo. Arias, que teve o anúncio de sua renovação de contrato com plumas e paetês, tentava quase sozinho reverter a fase.
Com as mexidas, Mano Menezes desestruturou o sistema que já não evidenciava muita coisa que se pudesse aproveitar para alguma análise. O ‘vamos lá’ rolou solto e tomou conta da esperança.
Em uma das trocentas bolas exoneradas à área adversária, Fuentes recebeu lançamento de Riquelme, o lateral amorteceu para o outro ala Samuel, encher o pé e marcar o empate. Todo garboso, Xavier exibiu sua vasta cabeleira cultivada na última temporada.
Nas outras poucas chances do clube que detinha o escudo mais fofo do futebol carioca, antes de trocar para um protocolar que apenas traz as cores em listras e letras iniciais, Fábio segurou todas, incluindo um lance cara a cara com Gabriel que entrara no final. Embora nosso fantasmagórico Gravatinha tenha nos ajudado a evitar o vexame maior.
*Expressão usada no simulador SimCity quando há intercorrência clínica ou financeira, ou as duas juntas.
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FLUMINENSE 1 x 1 BOAVISTA
Campeonato Carioca – 7ª Rodada
Maracanã – Rio de Janeiro-RJ
Domingo, 02/02/2025
Renda: R$ 257.922,00
Público: 8.603 pessoas presentes
Arbitragem: Alex Gomes Stefano. Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Correa e Ana Vitória Trindade Ferreira. Quarto Árbitro: Rodrigo Félix de Oliveira Rodrigues.
Cartões Amarelos: Samuel Xavier 35’ (FLUMINENSE); Marthã 38’, Vitor Ricardo 56’, Zé Mateus 64’, Alyson 90’+2’ (BOAVISTA)
Gols: Marcos Paulo 58’ (BOAVISTA), Samuel Xavier 84′(FLUMINENSE)
FLUMINENSE: 1-Fábio©; 2-Samuel Xavier, 4-Ignácio, 22-Juan Freytes e 6-Renê (12-Gabriel Fuentes 70’); 5-Facundo Bernal (18-Lelê 66’), 35-Hércules e 37-Isaque (28-Riquelme Felipe 46’); 21-Jhon Arias, 11-Keno (17-Agustín Canobbio 66’) e 14-Germán Cano (90-Kevin Serna 70’). Téc.: Mano Menezes. 4-3-3
BOAVISTA: 1-Diego; 2-Vitor Ricardo, 19-Gabriel Caran, 4-Anderson Conceição© e 6-Matheus Mascarenhas (3-Sheldon 74’); 22-Marthã (29-Leandrinho 67’), 14-Caetano (13-Alyson 74’), 8-Zé Mateus e 16-Raí; 18-Zé Vitor (9-Gabriel Conceição 87’) e 32-Marcos Paulo (30-Matheus Alessandro 67’). Téc.: Rodney Gonçalves. 4-3-1-2