Fluminense 1 x 1 Maricá (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, tivemos que esperar mais de 270 minutos para ver um gol do Fluminense nesse início de temporada. Ele veio nos acréscimos do jogo de hoje, numa partida que merecíamos ter vencido, mas futebol é bola na rede e não merecimento. É o esporte que permite que um time assediado durante 90 minutos consiga sair vencedor.

Foi quase o que aconteceu com o valoroso Maricá, líder do campeonato, mas que em momento algum explicou em campo tal condição. É bem verdade que o Fluminense, apesar do domínio, quase nada criou na primeira etapa. Apresentou muita desenvoltura tática no aspecto defensivo, entregando intensidade no jogo, mais até do que nas duas exibições anteriores.

O fato é que enfrentamos um adversário muito bem organizado defensivamente, não permitindo nossas infiltrações ofensivas. Dominamos a intermediária e por lá ficamos, trocando bolas e incapazes de criar jogadas que nos permitissem tirar o goleiro deles da zona de conforto, não sendo diferente com o nosso.

Ao final do primeiro tempo, o que se tinha eram dois chutes sem perigo deles contra um nosso, até mais perigoso, de Isaque. A torcida, incrédula, pedia Riquelme, inexplicavelmente deixado no banco por Marcão para a estreia de Canobbio, que correu, desarmou, mas, a exemplo do resto do time, nada criou na primeira etapa.

Marcão, para desespero da plateia, voltou para o segundo tempo com o mesmo time, mas o mesmo time não voltou. Com cinco minutos, o Fluminense já criara duas oportunidades claras de gol, com Canobbio assumindo a responsabilidade e Nonato fazendo o mesmo, entrando na área e lembrando aquele Nonato da Taça Guanabara de 2022.

O gol do Fluminense era questão de tempo e Marcão resolveu ajudar, colocando Riquelme, mas, para desespero da torcida, tirou Canobbio, que vivia seu melhor momento no jogo, construindo jogadas em profusão pelo lado esquerdo. Para piorar, Riquelme começou sua participação de forma estabanada, errando passes e falhando nas investidas individuais.

Como nada pode estar tão tuim que não possa piorar, o Maricá encontrou um contragolpe em velocidade. Denilson arrancou pela direita e recebeu o combate de Freytes, que deveria ter ido no corpo do atacante, mas preferiu evitar o contato. O resultado foi que Denilson invadiu a área sem qualquer incômodo e bateu no canto direito de Victor Eudes. A bola ainda tocou na trave e entrou.

Dali para frente, foram dez minutos de Fluminense desorganizado e alienado em campo, sem perder, no entanto, a combatividade. O Maricá em quase nada nos incomodou desde o gol.

É quando Riquelme começa a exibir seu repertório. A quantidade de soluções improváveis que esse moleque é capaz de tirar da cartola lembra, de alguma forma, o Paulo Henrique Ganso, o maior jogador do Fluminense nessa década. Se tiver a cabeça no lugar, será um dos maiores que já se viu jogar.
Acaba sofrendo o pênalti nos acréscimos, convertido por Kauã Elias, que fez com que o goleiro sambasse constrangedoramente em cima da linha, me fazendo lembrar dos meus constrangedores paços de samba na quadra da querida Mocidade Independente, ali pertinho de Bangu, fonte de noites memoráveis.

Foi bom ver Isaque saindo do casulo na segunda etapa. Victor Hugo me surpreendeu na lateral-direita, gostei muito da entrada de Marlon no segundo tempo e Ignácio mostrou que tem tudo para ser titular na zaga. Seus movimentos muito me lembraram do formidável Nino.

Essas primeiras rodadas servem para isso. Precisamos produzir impressões a partir do que estamos vendo em campo. É claro que o resultado nunca é irrelevante, afinal estamos disputando um campeonato importante. Mas é isso que nos foi imposto. Gostei muito do segundo tempo do Fluminense, apesar de mais um empate.

Saudações Tricolores!

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