Alívio e só, não há nada mais a dizer sobre esse fim melancólico da temporada 2024 que, em vez de ser de contemplação, foi de deflagração evidente de tudo que já era sabido mas que se vivia em negação.
Nada há o que comemorar, muito pelo contrário, hora de aproveitar o ensejo e exigir mudanças drásticas na instituição: do faxineiro ao presidente, não dá para o Fluminense seguir como uma nau desgovernada fingindo ir às Índias enquanto serve a interesses obtusos.
A partida contra o Palmeiras, se isolarmos de toda a temporada, foi um primor, levando em consideração todo contexto imaginável e inimaginável: o Tricolor foi seguro, não deu espaços ao Alviverde e ainda conseguia agredir, sempre levando perigo ao gol de Werverton.
Em menos de dois minutos Thiago Silva cabeceou a bola no travessão, após cobrança de escanteio de Jhon Arias, enquanto o Palmeiras no máximo conseguia finalizar de fora da área, pois a escalação de Mano Menezes foi correta para o tipo de jogo por disputar: um meio mais dinâmico, com Martinelli, Nonato e Lima.
Mais tenso que superfície de bolha de sabão, era acompanhar em paralelo os Atléticos, como brincara meu filho: um ainda pequeno, outro ainda menor, é mole? O jogo entre eles parecia um mero protocolo à espera de que o co proprietário do Allianz fizesse um gol na equipe de Laranjeiras, pois com a derrota da equipe carioca ambos poderiam sentar no 0 a 0 e seguirem suas vidas.
Já passava dos trinta minutos jogados, o Fluminense saiu em contra-ataque; tentaram arrancar a bola de Arias, mas ele brigou e entregou para Cano, ainda no campo de defesa, o camisa catorze passou a bola para Nonato que conduziu e esticou até Kevin Serna lá na extrema direita. Ele se desvencilhou de seu marcador, Vanderlan, colocando a bola entre as pernas e invadiu a área, como quem se livrara da Bastilha, conduziu a pelota para o pé esquerdo e finalizou no canto interno do arqueiro, sem chances de defesa, decretando o que viria ser a vitória do Tricolor, trazendo um minuto de paz, pois com a manutenção deste resultado, o desfecho dos outros jogos não faria a menor diferença.
Ainda havia resíduo da primeira etapa e todo o segundo tempo por jogar, é verdade, mas ali o Fluminense já se livrara de seu trauma, que seria mais uma queda à segunda divisão, desta vez muito bem orquestrada por sua gestão, que fez de tudo para este fim.
Mano Menezes fez substituições cirúrgicas, sempre reagindo às mexidas de seu adversário Abel Ferreira. Primeiro Kauã substituiu um rosado Germám Cano; logo após com o aumento de volume ofensivo palmeirense, tirou o exaurido Nonato e fechou a casinha com Manoel, deixando Thiago Santos de falso cinco. Já mais perto do fim, Serna saiu ovacionado para a entrada de Keno que, por muito pouco, não ampliou o marcador.
Na entrevista coletiva, Mano não negou querer seguir no comando da equipe em 2025, podendo realizar pré-temporada e, quem sabe, fazer parte do planejamento. Menezes cumpriu a missão para qual foi contratado, assumindo uma equipe cheia de embustes e um bando de veteranos mimados pelo presidente do club, que vive dando pinta no vestiário.
O desafio era enorme e foi. Mano não salvou o Fluminense de ser rebaixado, ele subiu a equipe de uma segunda divisão já declarada, assim deixada pelos quatro cavalos do apocalipse: Mário, Paulo, Frederico e Fernando, todos sócios da lama ao caos que viveu o tricolor nesta temporada.
A tradição, camisa, grandeza, torcida e uma resma de jogadores, com destaque para Fábio, nos salvando de muitas derrotas; Thiago Silva, sendo referência defensiva desde que estreou; Martinelli, mesmo perseguido por parte da torcida, esteve 100% disponível a cumprir suas missões em campo, Ganso, responsável por criar praticamente todos os gols, direta ou indiretamente na campanha; Jhon Arias, sem o qual jamais vencemos uma partida no Brasileirão e Kauã Elias, responsável direto por gols que nos arrancaram da zona de rebaixamento. Menções honrosas a Thiaso Santos, nome ok para quem luta contra rebaixamento; Serna, que trouxe vida e fôlego para o lado de campo e Lima, jogador polivalente, ótimo para se ter no elenco, capaz de mobilizar o meio de campo.
Não saberei dizer se a permanência desta comissão técnica é o melhor para a equipe neste momento, mas posso afirmar uma coisa, simples e cristalina: não dá mais para aturar a atual gestão e seus mandos e desmandos no clube, brincando com nossa paixão e com as finanças da instituição.
Já passou da hora de quem ama verdadeiramente o Fluminense, reagir e brigar pelo melhor do club, a começar questionando os balanços, todos ressalvados da atual gestão.
“Finda a tempestade. O sol nascerá” (Cartola)
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PALMEIRAS 0 x 1 FLUMINENSE
Campeonato Brasileiro – 38ª Rodada
Allianz Park – São Paulo-SP
Domingo, 08/12/2024 – 16:00h (Brasília)
Renda: R$ 3.522.540,16
Público: 34.571 pessoas presentes
Arbitragem:
Cartões Amarelos: Richard Ríos 85’, Estêvão 90’+3’ (PALMEIRAS); Lima 7’, Germán Cano 41’, Fábio 83’, Kauã Elias 90’+4’, Martinelli 90’+7’ (FLUMINENSE)
Gol: Kevin Serna 36’ (FLUMINENSE)
PALMEIRAS: 21-Weverton; 4-Agustín Giay (2-Marcos Rocha 66’), 15-Gustavo Gómez©, 26-Murilo e 6-Vanderlan (16-Caio Paulista 66’); 27-Richard Ríos, 5-Aníbal Moreno (7-Dudu 46’), 18-Maurício (25-Gabriel Menino 66’), 41-Estêvão e 23-Raphael Veiga (10-Rony 70’); 42-Flaco López. Téc.: Abel Ferreira. 4-2-3-1
FLUMINENSE: 1-Fábio; 2-Samuel Xavier, 3-Thiago Silva©, 29-Thiago Santos e 31-Gabriel Fuentes; 8-Martinelli, 16-Nonato (26-Manoel 75’) e 45-Lima; 21-Jhon Arias, 90-Kevin Serna (11-Keno 85’) e 14-Germán Cano (19-Kauã Elias 58’). Téc.: Mano Menezes. 4-3-3