O abate tricolor no Beira-Rio (por Vitão)

O Fluminense perdeu mais uma no Brasileirão. O que chama atenção é a forma como foi abatido. Com desfalques de peso como Fábio, Árias e Ganso, era óbvio que Mano intensificaria seu pragmatismo com gotas de retranca para buscar o empate. Ocorre que jogar fechado em busca do espaço é totalmente diferente de abdicar da vitória.

Na etapa inicial, o Tricolor ficou pressionado nas cordas, sem escape, sem estratégia delineada de contragolpe, sem conseguir jogar. Mano dobrou a lateral para tentar anular Bernabei e colocou Guga pela direita na linha de meio. Seu argumento na coletiva foi que o Palmeiras, na campanha do título em 2023, também dobrava a lateral.

Ele só esqueceu de lembrar da força coletiva e mental do Palmeiras de Abel, técnico que há anos faz um trabalho excelente. Como comparar uma campanha por título com esse Fluminense bagunçado e sem rumo que está sentindo o bafo quente do Z4? A improvisação foi um fiasco e, mais uma vez, o primeiro tempo foi jogado fora.

Atualmente tem sido assim. Nas etapas iniciais, o Flu entra bagunçado, retraído, como se o empate sem gols fosse o objetivo precípuo de seu treinador. Após levar gols e não conseguir competir no primeiro tempo, Mano ajusta no intervalo usando o óbvio e na etapa derradeira sua equipe consegue produzir algo ofensivo. Novamente, reagiu tarde demais.

Roger Machado foi sagaz e, sabendo da retranca que enfrentaria, montou uma saída de três que liberou os laterais como alas. Com Guga muito mal e pressionado nas cordas, o Fluminense foi sendo golpeado e só não saiu perdendo no primeiro tempo por alguns centímetros vislumbrados na revisão do VAR. O campo abaixo desenha o Internacional atacando a linha de defesa Tricolor com cinco homens e superioridade no terço final.

A mudança era óbvia e necessária. Não tinha como manter o time recuado e sem escape para tentar algo no contragolpe. No primeiro tempo, o Fluminense, sem velocidade e desorganizado, perambulou sem rumo e com notória falta de identidade tática, traço marcante do time nessa temporada.

Marquinhos voltou na vaga de Guga e foi nesse momento que Bernabei ficou sob controle. Não por enfrentar dois laterais amassados na defesa, mas pela preocupação com a velocidade de Marquinhos. O ponteiro entrou bem, abriu o corredor para Samuel Xavier e, com a entrada de JK no lugar de Cano, o Flu viveu seu melhor momento no duelo. O campo abaixo ilustra a mudança que trouxe um pouco de dignidade para o Tricolor.

O Corinthians venceu o Vitória em Salvador, mais uma vez sendo decisivo com os jogadores que trouxe na última janela de contratações. Já o Fluminense apostou em atletas de times pequenos do continente e jogadores da Série D para tentar sair da situação lamentável que se encontra. A covardia cobrou seu preço e Mano tem gostado de pagar essa conta. Quem sofre é o torcedor. Saudações tricolores!