Flamengo 0 x 2 Fluminense (por Marcelo Savioli)

RECITAL DO GÊNIO

Amigos, amigas, foi um grande resultado na noite desta quinta, que turbina o Fluminense na luta contra o rebaixamento. É uma jornada muito abaixo das expectativas, embora a história das decisões tomadas ao longo da temporada nos proponham uma visão mais crítica.

Se a Dissidência veio com uma escalação razoavelmente alternativa, o Fluminense veio com uma escalação razoavelmente aceitável. Com um trio de ataque formado por Lima, Marquinho e Kauã, não havia nada pelo que suspirar.

Mesmo Kauã já não marca há alguns meses, apesar do talento incontestável. Foi importante operacionalmente durante o jogo e acabou contabilizando a assistência no primeiro gol. Lima, que abusou dos erros, acabou sendo o destinatário da assistência do centroavante.

O Fluminense tentou equilibrar as ações no início com uma marcação adiantada, cujo efeito não durou mais do que cinco minutos. Os dissidentes, ao romperem nossas linhas, começaram a ter controle do jogo, cada vez mais empurrando o Fluminense para trás.

Houvessem terminado o primeiro tempo com a vitória, nada haveria que se contestar, inclusive por conta de uma bola na trave de Fábio. O goleiro deles, por sua vez, não fizera nenhuma defesa, o que só mudou quando a arbitragem inventou um pênalti a nosso favor, desperdiçado por Ganso.

Quem diria que o vilão tricolor ao final da primeira etapa se transformaria numa assombração para os dissidentes na segunda? O passe para Kauã no primeiro gol foi coisa de gênio. Gênio e Ganso são sinônimos.

No segundo gol, outra construção para Martinelli se infiltrar e encontrar Arias de frente, para fuzilar o goleiro e marcar o segundo. Parecia o início de uma goleada, com os dissidentes perdidos em campo, mas o nosso técnico é o Mano.

Com 2 a 0 no placar, o Fluminense passou a especular os contragolpes, recuando as linhas e dando campo à Dissidência, que pouco criou efetivamente, no sentido de propor uma virada ou, pelo menos, algum constrangimento.

É claro que nem todo dia o Gênio vai brilhar em sua genialidade. Ontem, Ganso brilhou, mas teve ajuda preciosa de Martinelli, que realizou, possivelmente, sua melhor partida na temporada.

Já no pênalti pessimamente marcado para o Flu no final da primeira etapa, podemos observar o passe milimétrico de Martinelli para Marquinho.

O Fluminense precisa de Martinelli sendo o equilíbrio do time. Hoje ele foi, com atuação soberba, fosse nas ações defensivas, fosse nas ofensivas. Uma atuação soberba, só não tão importante quanto a de Ganso.

Apesar do primeiro tempo contestável, o Flu, com Arias entrando na segunda etapa e marcando o segundo gol, foi merecedor da vitória. O Demônio reequilibrou o Fluminense e ajudou a desequilibrar o jogo, pelo menos nos vinte primeiros minutos da segunda etapa.

E foi o que bastou para tirar a Dissidência definitivamente da briga pelo título brasileiro e oxigenar o Flu para um final de ano imune aos traumas programados pelo péssimo planejamento do futebol.

Não se pode criticar os dissidentes por terem nitidamente privilegiado a Copa do Brasil. Para eles, o Brasileiro é uma miragem. Para nós, é sobrevivência. Não se enganem, precisamos jogar mais do que hoje, como já jogamos com Mano. Apresentamos limitações preocupantes em todos os setores. Falhas de marcação na defesa, erros de passe no meio e, muitas vezes, falta de coerência para definir as jogadas.

Tirando isso tudo, fica o gosto saboroso de vencer a Dissidência. Como vencemos na final do Estadual de Vôlei Feminino na última segunda-feira o SESC-Dissidência. E foi de 3 a 0 para o maior campeão da América do Sul não deixar dúvidas quanto aos seus méritos.
O futebol precisa o quanto antes afastar o fantasma do rebaixamento e pensar em 2025.

Temos um Mundial de Clubes, competição na qual o Fluminense não tem outra alternativa que não seja entrar para ganhar e conquistar o bicampeonato.

Saudações Tricolores!