Futebol é, além de lindo, apaixonante e… magnânimo.
O time do Fluminense, campeão da Libertadores de 2023, que jogou no ano passado o futebol mais vistoso do Brasil; que teve seu técnico, Fernando Diniz, comparado a Pep Guardiola; que imprimiu um futebol não posicional ou “aposicional”, como sugere o próprio Diniz, simplesmente parece ter se desfigurado nesse ano de 2024.
Após 25 jogos na temporada até o momento, incluindo Campeonato Carioca, Recopa Sul-americana, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores, o time de Diniz não fez um único jogo convincente e lógico.
Talvez alguns tempos, em algumas partidas. E só.
No jogo contra o Colo-Colo, pela 4ª rodada da fase de grupos da Libertadores, o Fluminense venceu, é bem verdade, mas o jogo foi tão ruim tecnicamente que parecia fadado a um 0 a 0.
O Flu foi um time com o reflexo da desfiguração: Cano parecia um zagueiraço; Lima, um artilheiraço, Martinelli, um goleiraço.
Esse Fluminense deformado tem gerado na torcida um misto de incompreensão e desespero, tamanha a antilógica em campo.
Sendo assim, vou falar uma heresia. Talvez a única coisa boa da atual desfiguração seja o retorno do chutão.
No jogo contra o Colo-Colo, teve chutão de Fábio, de Felipe Melo, de Manoel.
Ah, Manoel! Quando eu ia dizer que o zagueiro, no andar daquela carruagem doida, seria o craque do jogo, lá estava ele no único lugar possível para desviar o chute de Marcelo. Gol do Fluminense em Santiago do Chile.
Gol de Manoel!
Se futebol é mesmo magnânimo, Manoel que defendeu, lutou, chutou, esbarrou e cabeceou para o gol, é mais magnânimo ainda.
Manoel foi generoso conosco e, por alguns minutos, nos fez esquecer desse desfigurado tricolor.
A partir daqui eu não sei o que acontece. Troca-se o técnico? Os motivos do abalo do jogo aposicional aparecerão? Os jogadores atuarão nas suas funções de origem? Qual é o diagnóstico e quais são as saídas possíveis?
Não sei, só sei que hoje estou cansada o suficiente para não conseguir pensar mais nesse pobre Fluminense.