Nas rodas de conversas dos cariocas, dentro do linguajar popular local, existe a figura do “arame liso”, que é aquele que “cerca, mas não machuca ninguém”.
Infelizmente, o que temos visto no Fluminense em 2025 é a total incapacidade de “machucar alguém”. O Fluminense, como dizem alguns, acha que existe um critério para casa de apostas ou programa de milhagem que considera que o percentual de tempo de bola nos pés, posse de bola, irá ocasionar efetivamente uma consequência de gol, o que está longe de ser uma verdade absoluta.
O tempo de posse de bola certamente é importante, porém tão importante quanto é saber o que ele seja agudo e levar a efetiva finalização. Isso lembra o “tique-taque” do mítico Barcelona, porém eles tinham matadores que finalizavam com muita frequência, com constantes finalizações de fora da área. Isso sem falar no lendário Messi.
É impossível achar que o Fluminense consiga, num jogo como ontem contra o Alianza de Lima, ter cerca de 80% de tempo de posse de bola e não ter tido na prática uma finalização, em especial tentando finalizações de fora de área. Nesse aspecto, não se coloca como uma marca somente desse jogo, mas algo que virou uma marca do Diniz.
A própria incapacidade do Fluminense, que gera muitas faltas perto da área adversária, de ter cobradores com capacidade de oferecer mínimo risco para o goleiro adversário, é algo que merece ser estudado.
Um dos poucos jogadores que temos com a capacidade rotineira de chute fora de área e buscava isso, é Renato Augusto. Porém, pelo desempenho que estamos vendo é um jogador que nos lembra a figura do Dirceu Lopes, quando foi atraído para o Fluminense na época da Máquina Tricolor em 1977. Ele tinha uma história brilhante, mas já era um jogador em final de carreira e vivia do nome, desenvolvido como transparece o Renato Augusto.
Quando observamos os últimos jogos da Seleção Brasileira, tanto contra Inglaterra quanto contra a Espanha, a quantidade de chutes de fora de área que aconteceram pelas duas seleções adversárias foi uma coisa fantástica! No Brasil não mais conseguimos desenvolver essa habilidade, que já foi no passado uma grande característica nossa.
Ficou muito claro que qualquer time que queria segurar o Fluminense, basta formar uma barreira na primeira linha e o time tricolor ficará tocando a bola, levará para a extremidade e cruzará para algum centroavante que estará misturado no meio de cinco ou seis marcadores e que não conseguirá fazer o gol.
O treinamento do Flu precisa sair basicamente do mero envolvimento com toques associados, tendo a obstinação de estar chutando o tempo todo, no mínimo 15 vezes ao longo de toda partida e de fora da área.
O desenvolvimento da postura de ser um time que arrisca e chuta irá abrir espaços para que jogadores com o talento do Ganso possam colocar e servir centroavantes, mais jogadores centrais de área que basicamente são totalmente inertes por essa previsibilidade de atuação do Fluminense.
Infelizmente o time do Fluminense virou um “arame liso” e isso tem que mudar com urgência, para podermos voltar a “machucar” nossos oponentes.