Faz muito, muito tempo. Cerca de 45 anos. A memória pode ter me traído em detalhes, mas o que importa é a essência.
Lá pelas onze da noite, eu estava sentado no chão bem pertinho da caixa de som do Telefunken da casa. O som baixinho para não incomodar os pais. O Fluminense tinha acabado de golear o adversário, muito provavelmente o Madureira, por 4 a 0 ou 4 a 1. Claro, eu estava muito contente. Então o repórter logo correu para entrevistar Edinho, que aos 24 anos de idade era uma espécie de faz tudo do Fluminense: zagueiro, craque, ídolo, armador, cobrador de faltas e pênaltis, galã e o diabo a quatro. E como tinha sido a goleada?
Tomei um susto. Criança ainda, para mim a goleada era um sinal de atuação brilhante. Pois bem, Edinho esculhambou tudo: disse que o resultado era mentiroso, que o Flu não tinha jogado nada e que precisava melhorar muito se quisesse disputar o titulo. Engoli a seco, fui dormir e me preparei para a zoação na escola. Tudo bem, mas aquilo não saiu da minha cabeça.
O campeonato seguiu e, tal como Edinho previra, apesar de alguns boas partidas o Fluminense não conquistaria o título. O ídolo tinha razão: um bom resultado ou mesmo uma goleada não eram suficientes para garantir nenhuma equipe no restante da temporada. Lucidez do craque.
É a lembrança que trago agora como oferecimento aos debates tricolores: é possível sim mexer em time que está ganhando, uma atuação só não transforma nenhum jogador mediano em craque, e por fim a crítica é sempre válida como reflexão.
Edinho sabia das coisas. Para quem não o conhece, tem tudo no Google. Disse Seu Pinheiro que Edinho foi o maior zagueiro da história do clube, o que está longe de ser pouca coisa.
Dos que vi ao vivo ele e Ricardo Gomes foram os melhores zagueiros.
Mas gostava mesmo de Calhardo e Assis. Kkkkkkk
S tc