Felizmente ainda temos Bob Dylan.
Nos noticiários de 2013, um desatento vai pensar que o Fluminense não ganhou nada em 2012, não se classificou mais uma vez para a Libertadores, não é favorito a nada em 2013.
Qual a razão disso?
Simples: o Fluminense não trabalha com megalomanias ou manchetes estrambóticas, superlativas. Sempre foi assim, é a nossa estirpe, goste-se ou não da atual direção que, sempre ressalto, depois de um início tíbio, mostra uma capacidade como raras vezes vista na condução da engrenagem tricolor. Outra coisa: Laranjeiras enfrenta a inveja de parte dos meios de comunicação desde que o mundo é mundo.
Bom, que as manchetes megalômanas nada tenham a ver com o Flu, favas contadas e consagradas. Não precisamos de ninguém a nos bajular para que saibamos das nossas possibilidades reais.
Uma coisa chama atenção nestes dias de dezembro, bastante engraçada aliás: a referência permanente e a repetição incessante da palavra/expressão “gestão” para justificar toda e qualquer bola-fora dentro da dirigência esportiva de outros clubes, especialmente as dos mais mimados pela imprensa esportiva convencional.
Prometeu mundos e fundos e não tem um tostão para realizar nada? “Ah, mas é a gestão, é preciso arrumar a casa”. Teve cem milhões da televisão e agora só tem oito? “Ah, mas agora é o momento de uma gestão séria que vai ajeitar as coisas”. Promete Robinho e fica com Magal? “Não, depois vai ser diferente”.
Mais do mesmo.
O museu de grandes novidades, tão bem-definido pelo genial Cazuza.
O conceito de gestão que tanto se fala por aí não precisava ser exercitado por homens de Harvard, categorizados diretores de poderosos bancos estatais ou empresas multimilionárias que “agora farão tudo diferente”. As donas de casa mais humildes já fazem isso secularmente nos supermercados e feiras, com muito mais competência.
É a gestão. Tem dinheiro, filé mignon. Não tem? Asa de frango.
Mas nenhuma delas, as donas de casa menos abonadas, chega ao Mulitimarket ou aos Supermercados Campeão dizendo que amanhã vai buscar joias na H. Stern.
Taí a diferença da humildade que se vê nas ruas, esquinas vielas e favelas do Rio e do Brasil, contrastada com a eterna prepotência de uma superioridade mundial que jamais existiu, exceto nas capas fabricadas de jornais.
“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.” (Joseph Pulitzer)
Típico caso de gestão sem G.
E com J.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Contato: Vitor Franklin
2 Comments
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De fato não somos privilegiados com manchetes ou reportagens explosivas. Somente se a coisa estiver preta pro nosso lado seremos alvo do noticiário de forma mais intensiva. Mas, também não devemos deixar de tentar entender os motivos de alguns clubes terem a preferência da imprensa, como o Flamengo e o Corinthians. Afinal, eles tem torcidas enormes que compram os produtos da imprensa. Então, nada melhor do que agradar essas hordas para vender jornais, programas de TV e acessos às redes virtuais. O que não devemos fazer é ficarmos com a síndrome da vítima e passarmos a nossa vida lamentando o nosso ostracismo. No ano passado o Flu, mesmo com uma campanha extraordinária, não levou grande público aos estádios. Parece que a torcida encolheu. Isso soa para a mídia capitalista como baixo potencial de ganho e as manchetes se desviam para outros interesses. Outra coisa: o Flu precisa (desesperadamente) ganhar títulos internacionais. Já ganhamos tudo dentro de casa, precisamos de projeção internacional. Para ser reconhecido o Flu tem que fazer um esforço muito maior do que Flamengo ou Corinthians fazem. Infelizmente ainda somos um clube doméstico e de menor apelo de marketing. Haja vista os contratos de materiais esportivos que assinamos e que outros clubes assinam. Ou o volume de exibições de jogos na TV. Ou o nível da cota de patrocínio da TV que recebemos.
O primeiro passo para rompermos essa barreira é pensarmos grande, ter grandes objetivos e metas desafiadoras, que nos coloquem num patamar acima da média. Aí sim poderemos ver nossa torcida crescer numa razão maior do que vem acontecendo e abocanhar um maior espaço na mídia. Não sei se estou certo, mas é essa a minha impressão.
Na imprensa sempre foi assim: o flamengo ou está bem ou vai ficar bem; o Fluminense está mal ou vai ficar mal.