Poucos de vocês eram nascidos e consequentemente, só ouviram falar da Máquina dos anos 1970. Era um espetáculo! O presidente eterno mudou o paradigma do futebol carioca com o chamado troca-troca, que recebeu do hoje chamado Jorge Benjor, na época apenas Ben, uma música que até tocou direitinho.
Não sou de ficar recorrendo a pesquisas para ter a precisão nas informações. Minha falha memória é definitivamente melhor que qualquer registro histórico. E, se não me engano, fomos de Félix, Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antonio; Zé Mário, Cléber e Rivellino, Gil, Manfrini e Mário Sérgio a enfrentar o grande time do Inter que contava com dois de nossos grandes jogadores até 1974. Flávio Minuano, meu ídolo maior e Lula, que nas Rocas em Natal-RN, é chamado de soberano.
João Nogueira, nome já reconhecido nacionalmente no seu fuscão azul marinho 1972 e sem carteira de motorista, me ordena a acompanhá-lo à praia da Barra, onde ele levaria sua musa de toda vida, Angela para um banho de mar.
E eu como se pudera, falei:
– Tem a semi do brasileiro às 17h no Maraca.
– E daí, tenho nada a ver com isso. Mas fique tranqüilo que vou te dar a grana pra ver essa merda desse teu time.
O tempo foi passando e, como não existia linha amarela nem nada, restavam três opções: Jacarepaguá, Cascadura , Méier. Alto da Boa Vista, Tijuquistão, Andaraí, Engenho Novo, Méier. Ou ainda Jacarepaguá, Grajaú, Engenho Novo e Méier.
Não me perguntem qual trajeto, pois já disse que a memória não é lá essas coisas.
Eu desesperado numa praia lotada e João mandando todas letrinhas pra Angela que, na época, já eram noivos, a porra do tempo passando e ele me torturando com sorrisinho no canto da boca.
– Tá preocupado ? Vai dar tempo…
Definitivamente a única coisa que João não conseguiu de mim, para sua frustração, foi me fazer torcer pelo clube de remo.
Chegando aqui no meu Méier, saio em disparada pra tomar banho, almoçar o rango especial de domingo de minha Avó, Mulher Valente, e terminado tudo e já com o traje de gala, João ordena que eu vá no “ladrão”. Era assim que minha avó chamava seu Zé, o dono da mercearia, e pegasse duas cervejas pra ele.
PQP, vou perder a porra do jogo, pensei, e acredito ter feito uma cara de desgosto, que ele deve ter repreendido e, com a máxima autoridade de quem me criou, vetaria minha ida ao então maior do mundo, mas saí correndo pra cumprir seu ritual diário que era o de almoçar com uma cerveja.
Qual o que? Uma das maiores marcas dele (enquanto agora me arrepio e choro), era a generosidade. Me deu uma grana que dava pra ir e voltar de táxi, comer os Geneais acompanhados dos CCPL, comprar ingresso e ainda voltar com troco.
Claro que, do alto dos meus 13 anos de idade, peguei um busão, cheguei na bilheteria e comprei sem dificuldade alguma o ingresso, entrei e inicialmente sentei meio deitado entre um degrau e outro no meio de uma organizada, provavelmente a Young. Quando eles levantaram pra batucar, consegui me aboletar pra ver o grande jogo do ano.
Se eu lembro de como foi?
Claaaaaaaaaaro que não. Apenas a dor de ver o Lula fazendo se não me engano o segundo gol deles.
Esses caras estão nos devendo isso e mais o título da Copa do Brasil de 1992.
Se jogarmos da mesma forma que fizemos contra o Olímpia nos dois jogos e especialmente no segundo, sairemos com a classificação.
Ingresso? Tenho não e tô desesperado desde que Cesinha me disse que não tinha como comprar e o Deley disse que tá foda. Tô tentando aqui, mas vou de qualquer jeito, nem que seja pra fazer escândalo na porta do estádio na cobertura da imprensa, alguém se sensibilizar e me fazer transpor as grades do Mário Filho pra aparecer no dia seguinte no Globo Esporte e outros mais.
Bora ganhar essa Porraaaaaaaaaaaaaaaaa!