Eis nosso feriado nacional, mesmo que estejamos ocupados. Para quem conseguiu dormir, a noite foi mergulhada no Fluminense. Tudo é Fluminense.
Quinze anos depois dos mitológicos jogos contra o Boca Juniors, estamos novamente na semifinal da Libertadores. Não buscamos vingança, mas justiça – é bem diferente. As crianças daquele 2008 agora estão nas faculdades, trabalhando, lutando pela vida.
Pode acontecer de tudo nesta quarta no Maracanã. É preciso estar preparado para o que vier pelo caminho.
São corações a mil. Tricolores de todas as classes, cores e logradouros. Vivos ou mortos. Gente.
Maracanã, ah, Maracanã de tantas cenas inesquecíveis, vitórias apoteóticas, gols nos últimos minutos, de bandeiras tricolores em profusão – e o bandeirão com nosso escudão?
Quanta gente não esperou por hoje mas não conseguiu ficar por aqui? Onde quer que estejam, vão torcer como nunca.
Quanta gente carregamos no coração quando esperamos um grande jogo do Fluminense?
São muitas histórias. As pessoas tiveram finais felizes e tristes, conforme o caso. Já o Flu é uma longa história de mais de cento e tantos anos, que atravessa vidas, mortes e gerações em busca do futuro.
Os corações já estão batendo mais forte depois de meia noite, já é quarta, dia de decisão.
Celebremos os que pavimentaram toda essa estrada que nos traz até aqui. De Guinle a Marcos, de Welfare a Romeu, de Pinheiro a Carlos Alberto Torres. São nomes demais.
Nesta quarta o Fluminense joga por 1975 e 1992, não por vingança, longe disso. Queremos a paz.
Todos os corações tricolores do mundo estarão atentos logo mais. Seja no Maracanã, nos bares, nas casas humildes, nos barracos, na cama de papelão. Tem Fluminense nas marquises e cortiços, nas grandes avenidas litorâneas, nas artérias da Central do Brasil, nas casas de repouso, nas favelas, nas belas casas suburbanas. No Brasil todo, EUA, Europa. Deve ter algum tricolor em Vladivostok, lembrando o jogo de WAR.
Num radinho, smartphone ou em frente à TV, tricolores tentando se controlar enquanto esperam uma noite épica.
Muita gente sozinha vai ter o Fluminense como sua única companhia logo mais.
Quinze anos depois, nunca estivemos tão perto do único troféu que nos falta – onde foram parar mesmo aqueles alojados do museu? É uma tremenda responsabilidade.
O Maracanã vai estar cheio nesta quarta-feira. Tricolores em toda terra, como dizem.
Mesmo quem não vai ao estádio ajudará a empurrar o grande escudão que se consagrou na camisa de Marcos Carneiro de Mendonça.
É o caso de garotos humildes, proletários, que hoje em dia mal almoçam – eles descem a rua do Lavradio apressadamente a caminho da Central. Entre passos rápidos, abrem mochilas esgarçadas e lá está o almoço: um pacote de biscoito recheado. Comem e correm porque vão para longe, mas o Fluminense ali está – é um escudo na mochila, uma camisa tricolor puída, um boné desbotado, mas nada importa sobre o estado das coisas e sim sobre o amor representado por elas.
É o Fluminense, é a decisão, eis a vida.