Meu primeiro amor foi minha mãe, por razões óbvias. O segundo grande amor é um tremendo senhor centenário, mais precisamente com 121 anos. Razão de muitas alegrias e passagens marcantes na vida: Fluminense.
Antes que me falte memória nessa jornada terrena, vou lembrar da primeira vez que fui ao Maracanã. Era o dia 22 de agosto de 1973, uma quarta-feira mágica, eu com nove anos.
Até que chegasse esse dia, cumpri uma verdadeira saga (nada é fácil para um tricolor). Meu pai me desafiou: só me levaria na final do Campeonato Carioca, um Fla-Flu, se eu não tirasse nota vermelha em matemática. Pra mim um grande desafio, porque sempre fui péssima com números desde aquela época. Estudei como nunca e quando a freira espanhola rabugenta falou minha nota nem acreditei: 7,5. Venci a primeira batalha!
E promessa é dívida. Mas no dia do jogo choveu muito e meu velho pensou em não ir. Chorei muito, até que minha mãe intercedeu. Venci a segunda batalha!
Lá fomos nós. Quando subi aquela rampa, com as duas torcidas em ebulição, a sensação foi indescritível, inesquecível. Minha memória afetiva acende. Do chegar ao templo, até subir as arquibancadas pela primeira vez.
O Fluminense jogava pelo empate. Fez 2 a 0, o Flamengo empatou em 2 a 2. Lembro de um silêncio rápido, nervoso. Foi então que me apaixonei de verdade e de vez, quando a torcida inteira se levantou cantando o hino. O time respondeu aquela energia em campo, fechando a decisão em 4 a 2.
Lula, Félix, Dionísio, Marco Antônio, Manfrini (o cara do jogo). Um timaço. E eu, entregue naquela atmosfera doida. Uma menina que mal sabia que ali ainda veria muitos e muitos títulos e vitórias arrebatadoras.
Há exatos cinquenta anos (que serão completados nesta terça-feira), lembro do meu pai comprando os ingressos com dificuldades para cumprir a promessa.
Fluminense, o protagonista dessa e de milhares de histórias no passado e das que ainda virão.
Fluminense, eterno amor!
Gostei muito , Claudinha. Escreveu com muito sentimento . Da pra ver até hoje seu amor pelo Tricolor das Laranjeiras . Parabéns .
Em algumas dessas partidas eu estive presente, pq em mim também bate um coração tricolor! Texto emocionante e digno do Flu!
Excelente texto Claudia. Que venham outros contando a vitoriosa trajetória do querido tricolor. Parabéns