O cara que era a alma do time do Fluminense tem sido quase que um contrapeso nos últimos jogos. O que mais assusta são os erros de passe do outrora maestro do meio de campo tricolor. Ninguém entra em declínio atlético e técnico assim do dia para a noite.
Especula-se que a causa para o mau rendimento seja o edema no pé, que se cogitava tratar com uma cirurgia, mas o clube voltou atrás e preferiu a terapia conservadora.
Eu passei dois anos protestando contra o tratamento dispensado ao craque, que era nitidamente boicotado e sistematicamente preterido mesmo após jogar e fazer grandes exibições. Agora, é preciso que o Fluminense identifique a causa da queda brutal de rendimento e a trate. Ganso, nas últimas partidas, chega a vir atrapalhando o rendimento da equipe.
Falando em Ganso, Diniz, diante do Grêmio, saiu-se com Daniel no lugar de Lima. Martinelli deve ter feito algo muito grave para ser preterido por Daniel. Não porque Daniel seja pior que Martinelli, mas porque ali nós precisamos de alguém que tenha intensidade e força física para marcar. Já perdêramos a intermediária no primeiro tempo do jogo com o Palmeiras por causa disso.
É curioso que em 2019 atuávamos com Allan, Ganso e Daniel no meio. O time só foi ter um pouco mais de solidez defensiva quando Marcão, já lá pelo adiantado da temporada, decidiu colocar um outro volante para ajudar Allan, liberando Daniel e Ganso para atuarem mais próximos do ataque. Na ocasião, Marcão mudou o esquema para o 4-4-2 e é aí que o problema se avoluma.
Quem tirar do time para fazer o 4-4-2? Arias? Cano? Keno? Com JK pedindo passagem? Eu já estive convencido de que a saída de Keno seria a solução, mas vendo sua produção no jogo contra o Grêmio, parece que voltamos para a estaca zero.
Fizemos 20 minutos de jogo cativantes. Parecia até o Fluminense jogando, mas a fragilidade na marcação manteve o Grêmio sempre por perto da nossa área. Fizemos 1 a 0, mas rapidamente levamos a virada. No segundo tempo, depois de algumas substituições, o Fluminense chegou a pressionar o Grêmio com a boa movimentação de Leo Fernández. Um gol anulado para cada lado e um pênalti claro em Nino não marcado no último minuto foram as participações (ou não) do VAR.
O terceiro gol do Grêmio, anulado pela arbitragem, é um retrato completo de como é possível se estragar o espetáculo por preciosismo. A regra é preciosista e não menos o é sua aplicação. De tal modo que, mais uma vez, depois de infindáveis minutos de análise, eles chegaram a uma conclusão de cujo acerto não conseguiram me convencer até agora. Por que não simplificam a regra para, assim, podermos simplificar a tomada de decisão dos árbitros?
Mas o pior de tudo estava guardado para o final. Pênalti claro em Nino, que foi pisado no tornozelo dentro da área. E o VAR simplesmente deu de ombros. Não é problema deles verificar pênaltis para o Fluminense ou o objetivo, ao anular gol por um fio de linha de impedimento e deixar de marcar o pênalti, era evitar que mais gols acontecessem? Talvez porque, na visão dos envolvidos, o gol enfeie o futebol.
O desafio de Fernando Diniz é fazer com que o Fluminense consiga praticar o jogo ofensivo dos primeiros 20 minutos de ontem sem se desguarnecer defensivamente. Será que é possível? Nós temos as peças para isso, inclusive com o retorno de Alexsander, que resolve todos os problemas se tiver condições de jogo. É alguém para cobrir as subidas de Marcelo, que não consegue voltar para marcar, para ajudar a qualificar a posse de bola e ao mesmo tempo dar mais verticalidade à nossa transição ofensiva, assim como dar solidez ao bloqueio tricolor na meia cancha. Mas eu temo mesmo, pelo que conheço de Fluminense, é que Diniz continuará com as escolhas erradas.
Então, que os Deuses nos protejam das consequências.
Saudações Tricolores!