O Fluminense venceu o Internacional com autoridade na rodada anterior do Brasileirão. Fez dois gols no primeiro tempo com total domínio do adversário que, acuado, só tentou se defender. Em que pese grande parte da torcida, infelizmente, enxergar mais o demérito do adversário do que o mérito do Tricolor, o time de Diniz fez grande partida. A equipe voltou a ser dominante, intensa e preponderante.
No segundo tempo, o ritmo caiu pelo cansaço da pressão alta aplicada no tempo inicial, além dos ajustes feitos por Mano Menezes para tentar diminuir o placar. Mas, contra uma equipe que não perdia há dez jogos, o Flu se saiu muito bem e a queda de intensidade na etapa derradeira foi fruto de um conforto criado pela atuação excelente na primeira etapa.
Mais uma vez, Diniz chutou para longe estigmas rasos e costumeiros como “só sabe fazer essa saidinha de bola”, ou aquele que diz “só sabe jogar de uma forma”, entre outros de quem analisa o futebol somente com emoção. A análise técnica no que concerne à tática, mostrou uma saída de bola mais veloz e objetiva, fator que refletiu no alto volume de jogo ofensivo. Fernando mudou o esquema e a forma de exercer seu domínio qualitativo. Mesmo que sutilmente e dentro de seus preceitos básicos.
Para tanto, sem Ganso e sem Árias, Diniz abriu mão do 4-2-3-1 e montou um 4-4-2 com Lelê e Cano formando a dupla de ataque. O Flu teve voracidade na pressão e isso ajudou a equipe segurar a bola no campo do adversário, fator decisivo para a amplitude e qualidade de seu domínio territorial.
Cabe ressaltar que defendo o trabalho do Fernando Diniz pelo fato de que este é muito bom dentro da avaliação tática e estratégica, assim como nos resultados. Gostar de sua forma de jogar habita o subjetivo. Mas é inegável que ele colocou o Fluminense em um patamar de competitividade que não se via há muito tempo.
Todo mundo erra, mas até agora o trabalho possui mais virtudes que desacertos. A realidade do Flu fora das quatro linhas é tórrida, não existe qualquer planejamento. Isso requer que a análise de campo seja separada do lixo radioativo existente na gestão Mário Bittencourt. Mesmo que tal tarefa seja difícil.
Diniz tem seus erros, culpas e teimosias. Qual treinador não tem? Mas seu trabalho no Flu atraiu estudiosos táticos renomados em grandes centros do futebol, sobretudo na Europa. Seus conhecimentos, assim como o desempenho dos jogadores, não derreteram ou deixaram de existir.
Apesar da oscilação excessiva e de todos os problemas concomitantes que colocaram o avião tricolor em turbulência, vejo o Flu em uma crescente após a tempestade. E, o fato de treinar um clube mal gerido, na humilde opinião deste que vos escreve, aumenta ainda mais a qualidade do trabalho realizado pelo treinador.
Falando um pouco sobre o rival de domingo, Sampaoli jogou contra o Furacão no 4-1-4-1 pela Copa do Brasil, entretanto deve mudar bastante sua equipe para o clássico. Sem Fabrício Bruno e Ayrton Lucas, o argentino deve repetir a estratégia que deu certo na Copa do Brasil, qual seja, implementar o 3-4-3 e subir a pressão com sete jogadores na saída do Tricolor.
O campo abaixo ilustra o provável confronto tático do FLU-fla de domingo. Sampaoli com o 3-4-3 vai procurar subir as linhas com dobra pelas laterais, meio preenchido e sete na pressão. Cabe ao Flu, dentro do seu 4-2-3-1 e com a volta de Ganso, lutar pela predominância territorial por toda a partida e acelerar a saída de bola. No costado da volância adversária, haverá espaço para Ganso e Árias criarem o jogo que precisamos.
Nem Flu e nem Fla estão voando no que tange ao desempenho. São equipes que padecem de certa inconsistência, mas estão entre os melhores times desta temporada altamente competitiva e cansativa. Em todos os clássicos não existem favoritos, com a exceção de apenas um. Sabe qual? O Fla-Flu. Sim, para eles é sempre um “ai Jesus”. Para nós é normal o abate impiedoso da soberba. Cabe ao Tricolor manter sua identidade, a intensidade e a fome de outrora. Venceremos! Salve o Tricolor!